Crítica de gastronomia, um trabalho suicida

Durante a semana, um amigo me enviou duas vezes o mesmo artigo do New York Times. Como ignorei solenemente a primeira mensagem, ele mandou de novo. Então entendi: ele queria mesmo que eu lesse aquilo.

O texto, assinado por Pete Wells, intitula-se "After 12 years of reviewing restaurants, I’m leaving the table" ("Depois de 12 anos resenhando restaurantes, retiro-me da mesa").

É um título que resume bem o conteúdo do texto, com uma importante exceção: o motivo que levou Wells a abdicar de uma carreira consolidada num dos veículos de maior prestígio no mundo.

A crítica gastronômica estava arruinando a saúde do crítico gastronômico.

"Os resultados foram ruins de ponta a ponta", escreve Wells sobre o check-up médico a que foi submetido este ano.

"Meu colesterol, glicemia e hipertensão estavam piores do que eu esperava nos momentos mais pessimistas. Os termos pré-diabetes, esteatose hepática e síndrome metabólica foram mencionados. Eu estava tecnicamente obeso."

A carta de despedida de Pete Wells expõe um aspecto desagradável que nós, jornalistas de gastronomia, varremos para debaixo do tapete: é um trabalho insalubre com verniz de glamour de quinta categoria.

Não que alguém sinta pena, dó ou piedade de quem é pago para comer bem.

Perdão, vou refrasear: somos pagos para comer coisas gostosas e frequentemente caras, mas raramente saudáveis e quase sempre em quantidade exagerada.

Definitivamente não comemos bem. Comemos demais, bebemos demais, somos suicidas no longo prazo. Pode sentir pena de nós agora.

O que você está lendo é [Crítica de gastronomia, um trabalho suicida].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

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