Fernanda Gomes organiza as delicadas ruínas da nossa realidade

Fernanda Gomes constrói um mundo em estilhaços. É o paradoxo de arquitetar uma ruína, como se escombros pudessem ser desenhados com o máximo rigor.

Sua mais nova instalação, na galeria paulistana Luisa Strina, enche o espaço com quase nada. As esculturas de madeira e tecido, retalhos quase todos pintados de branco, mais desaparecem do que aparecem na sala etérea, iluminada por holofotes filtrados por uma fina camada de papel. São trabalhos que emolduram, denunciam e escancaram os vazios e frestas da arquitetura.

Os ângulos de suas formas, todos retos, desenham uma falsa sensação de paz. Isso porque, embora nada se mexa, tudo parece estar ali como destroços de um vendaval, sobreviventes de uma violência passada, mas muito recente.

Ver suas esculturas talhadas de acordo com o esquadro, tiras de tecido, ripas de madeira, hastes e varetas cobertos de um branco imperfeito, às vezes encardido, é como testemunhar uma explosão em câmera lenta, mas uma explosão orquestrada, como a demolição planejada de um edifício.

Nesse sentido, Gomes é artífice de uma antiarquitetura, a mestre de obras do impossível, que faz cruzar correntes da história da arte antes separadas como a água do óleo.

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