Fui enviada para campo de conversão na Sibéria: como é ser trans na Rússia

Em uma fazenda remota na Sibéria, um homem entregou uma faca a Ada. Na frente deles, estava um porco. "Corte", disse ele. "Se você quer prosseguir com a operação, precisa entender o que significa castração."

Ada, uma pessoa trans, tinha 23 anos. Ela foi induzida a ir a um centro de terapia de conversão após revelar a identidade de gênero para sua família.

Ela conta que, em 2023, uma parente pediu que a acompanhasse até Novosibirsk (terceira maior cidade da Rússia, situada no centro da Sibéria), onde ela iria se submeter a uma cirurgia cardíaca de grande porte.

Ada diz que um homem os encontrou no aeroporto e, depois de uma longa viagem, o carro parou repentinamente. A parente saiu do carro, o motorista se virou para Ada, exigindo que ela entregasse seu relógio digital e o telefone e disse, sem rodeios: "Agora vamos curar você de sua perversão".

"Foi só quando um pacote de roupas quentes chegou, duas semanas depois, que percebi que não ficaria lá apenas por uma quinzena ou um mês", afirma ela, acrescentando que foi forçada a tomar testosterona, rezar e fazer trabalhos manuais, como cortar lenha.

Confrontada com o porco, ela teve um ataque de pânico e não fez o que lhe foi dito. Finalmente, depois de nove meses, conseguiu escapar. Alguém havia deixado um telefone dando bobeira, e ela usou o aparelho para chamar a polícia.

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As autoridades enviaram oficiais ao centro de terapia de conversão. Os agentes disseram que Ada deveria ser autorizada a sair porque estava detida contra sua vontade.

A BBC entrou em contato com o centro, mas a pessoa com quem a reportagem conversou disse não ter nenhuma informação sobre programas de terapia de conversão.

A reportagem também tentou entrar em contato com familiares de Ada, mas não houve resposta.

O período de Ada no local foi o ponto mais baixo de uma batalha que ela diz ter travado por toda a vida —primeiro com sua família, depois com a sociedade em geral e agora com as leis cada vez mais draconianas da Rússia com relação à população LGBTQIA+.

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