Ultradireita vence 1º turno de eleição legislativa na França, e projeção indica maior bancada no Parlamento

A ultradireita está a um passo de chegar ao poder na França, no próximo domingo (7), pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial.

No primeiro turno, no domingo (30), o partido mais votado foi a Reunião Nacional (RN), aliado a dissidentes dos Republicanos, de direita. Seus 33% permitem projetar entre 230 e 280 das 577 cadeiras da Assembleia Nacional, perto da maioria absoluta (289). Hoje a RN tem 88 deputados.

Em segundo lugar ficou a Nova Frente Popular (NFP), coalizão de esquerda e extrema-esquerda, com 28% e, por ora, uma projeção de 150 a 180 cadeiras. Atualmente os partidos do bloco de esquerda somam 150 deputados.

Em terceiro, com 21%, ficou o bloco Juntos, que inclui o Renascimento, partido do presidente Emmanuel Macron, grande derrotado da eleição. A atual maioria governamental deve cair dos atuais 250 deputados para algo entre 60 e 100, pondo fim ao breve gabinete do primeiro-ministro Gabriel Attal, 35, no poder desde janeiro.

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O sistema eleitoral francês é distrital, majoritário e em dois turnos. Porém, uma peculiaridade é que o segundo turno pode ser disputado por mais de dois candidatos, bastando obter uma votação equivalente a 12,5% do total de inscritos. Isso dificulta a projeção da divisão final das cadeiras, já que o resultado depende de possíveis desistências e alianças onde houver três concorrentes no próximo domingo.

Das 577 cadeiras, 77 foram decididas no primeiro turno: 39 delas ficaram com a RN, a maioria no norte e leste da França, contra 32 da NFP, apenas 2 dos macronistas e 4 de outros grupos.

O pleito foi marcado por uma elevada participação do eleitorado, de mais de dois terços, a maior do século 21. Na França, o voto não é obrigatório, mas a forte polarização entre direita e esquerda galvanizou boa parte dos 49 milhões de franceses inscritos para votar.

Existe a possibilidade de nenhum bloco obter a maioria absoluta, o que mergulharia a política francesa em um impasse a menos de um mês do início dos Jogos Olímpicos de Paris.

A maioria dos líderes da esquerda pregou a união com o centro para derrotar a RN no segundo turno. Os principais nomes do centro, por sua vez, relutam em retribuir o apoio, acusando de radicalismo e antissemitismo Jean-Luc Mélenchon, 72, líder da França Insubmissa (LFI), maior partido da NFP.

O presidente Emmanuel Macron, 46, que surpreendeu ao dissolver a Assembleia Nacional no último dia 9 após o mau resultado do governo na eleição para o Parlamento Europeu, deverá suportar uma "coabitação" com um primeiro-ministro de oposição. O maior candidato ao cargo é o carismático Jordan Bardella, 28, presidente da RN.

Coabitações entre um presidente de um grupo político e um primeiro-ministro de outro já ocorreram três vezes na chamada "Quinta República" francesa, o regime político em vigor desde 1958. O segundo mandato de cinco anos de Macron termina em 2027 e ele não pode se candidatar de novo. Durante a campanha, Macron negou que renunciaria ao cargo em caso de derrota.

Bardella prometeu, caso se torne primeiro-ministro, respeitar "as funções do presidente da República". Mas ressalvou: "Serei intransigente em relação às políticas que aplicaremos." Ele procurou se mostrar conciliador no discurso pós-eleitoral. "A vitória é possível e a alternância no poder está ao alcance da mão. Pretendo ser o primeiro-ministro de todos os franceses, respeitoso das oposições, aberto ao diálogo."

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