Do Minho para Xangai: Rui Pereira vai levar a "hospitalidade" portuguesa até à Final Glo

Com 15 anos de existência, a World Class tem ajudado bartenders de todo o mundo a mostrar o seu talento e a elevar a indústria dos cocktails. Portugal junta-se, pela nona vez, à competição mundial. Este ano, o país será representado por Rui Pereira, eleito "melhor bartender nacional do ano" no passado mês de junho durante a final da edição nacional, que teve lugar em Lisboa, no hotel Altis Belém.

Gin: a moda que fez os cocktails ficarem

Para Honório Oliveira✅, Reserve Brand Ambassador da Diageo (fabricante de bebidas) em Portugal, "faz todo o sentido" o país "juntar-se à globalidade do World Class tendo em consideração também a evolução do panorama dos cocktails nos últimos anos".

Olhando para trás, o embaixador da Diageo não tem dúvidas: foi a "moda do gin" a responsável pela dinamização do panorama dos cocktails em Portugal. "O consumidor passou a ter disponibilidade para pagar um bocadinho mais por bebidas", explica. "Até então estávamos quase exclusivamente nos mojitos e nas caipirinhas a cinco ou seis euros e, de repente, começa-se a beber gin tónico e a pagar dez ou 12 euros por um".

"O consumidor passou a ter esta predisposição e a ver valor na experiência de beber um cocktail", realça o ✅Reserve Brand Ambassador, acrescentando que é papel das marcas acompanhar as tendências dos consumidores. "Aliás," – corrige – "acompanhar como marcas líderes de mercado. Temos muitas vezes que ter este papel de ser pioneiros, a fazer muito do trabalho para desenvolver o mercado", explica.

Para o responsável, "o World Class tem esse trabalho de, primeiro, inspirar os bartenders, os profissionais da área a fazer melhores cocktails, em trabalhar melhores bebidas para trazer mais qualidade para os cocktails e para o serviço que fazem". E os consumidores não ficam esquecidos: "cada vez mais as iniciativas que nós desenvolvemos no World Class, não só no nosso país, mas neste caso especial no nosso país, visam também impactar o consumidor final, quer seja através de ações de formação, ativações de marca de uma forma mais impactante para que o consumidor perceba o que é que é o cocktail e que o cocktail tem valor e que dá muito trabalho. Tal como na gastronomia, há muito trabalho por trás dos cocktails", finaliza.

Honório Oliveira Honório Oliveira Honório Oliveira, Reserve Brand Ambassador da Diageo créditos: MAYUKA_TiagoMaya

World Class: uma plataforma de partilha, aprendizagem e de experiência

A World Class "é uma competição do lado do mundo" e muito mais do que isso, afirma Honório, que se dedica ao setor há mais de 25 anos e que procura fazer com que a comunidade de profissionais da indústria de bar cresça e valorize.

De acordo com o antigo bartender, a competição é igualmente "uma plataforma de partilha, de aprendizagem e de experiência", sem esquecer que conta com um "bartender português" a lutar pelo título de melhor do mundo. Segundo o embaixador da Diageo, o evento procura ainda "criar novas tendências, revelar as novas tendências, partilhar informação e formação com os profissionais e também com o consumidor".

Este ano, a tarefa de defender as cores do país na Final Global do World Class 2024 está nas mãos de Rui Pereira. Rui, que começou a acompanhar a competição em Portugal desde a segunda edição, sonhava desde então estar no lugar onde está hoje. "Para além disto tudo que o Honório referiu", comenta o vencedor da edição nacional de 2024, "acho que para nós, como barmen, devemo-nos desafiar todos os dias a tentar ser melhores".

Para o barman, competições como a World Class contribuem para que os profissionais desta área saiam da sua zona conforto.

Apaixonado por desafios, Rui Pereira acredita que se nasce para ser bartender. "Na profissão, tenho ideia de que estou há 13 ou 14 anos", conta. "Só mais tarde é que percebi que era aquilo que realmente queria fazer da minha vida", desabafa. "Comecei um bocadinho tarde na indústria porque muitos, alguns dos colegas que a gente tem, começam bem cedo e bem, ainda bem", reflete. "Cheguei à indústria a partir dos 25, mas depois daí até agora tenho sempre tentado cumprir o meu propósito".

Rui Pereira Rui Pereira Rui Pereira créditos: MAYUKA_TiagoMaya

Missão: criar experiências

"Nós transmitimos experiências", afirma o bartender. "Não basta conseguir fazer um ✅drink muito fixe, um grande cocktail", comenta. "Também é preciso saber lidar com pessoas, emoções, saber ouvir e saber estar".

"Com os anos, é que eu comecei a perceber que, afinal, eu consigo lidar com pessoas e que até gosto de lidar com pessoas. Afinal, isto até é fixe", partilha Rui Pereira, revelando que foi esta perceção aliada à "vontade de ser alquimista, de estar sempre a estudar" que o fez entender que bartender era a profissão certa para si.

"Isto é a profissão que eu me vejo a fazer até ao fim dos meus dias e que fico feliz por isso", declara. "Cada dia é um dia diferente, nada é igual".

"O ser bartender é ser hospitaleiro, não é?", questiona Honório. "Quer estejamos a servir o melhor cocktail do mundo ou uma água ou uma cerveja, a experiência é a hospitalidade", conclui, acrescentando que é isso que vão fazer em Xangai.

Rui Pereira Rui Pereira Rui Pereira a preparar cocktails créditos: MAYUKA_TiagoMaya

Portugal, um país hospitaleiro e com bons cocktails

Ao ysoke Lifestyle, Honório Oliveira diz que, na final do World Class, vão "tentar deixar a marca de que somos excelentes hospitaleiros". Ainda segundo o embaixador, vão mostrar que "em Portugal se recebe bem e que também se fazem bons cocktails".

"Eu sou minhoto e nós, no Minho, temos muito isso", acrescenta Rui Pereira. "Se for a casa de alguém aqui no Minho, vai ter que comer obrigatoriamente. As pessoas levam se não o fizer", avisa. "Nós [minhotos] gostamos de receber pessoas em nossa casa", justifica o concorrente.

"Acho que é muito conseguirmos transmitir isto para o mundo todo, transmitir o carinho que temos que é a hospitalidade. Acima disto era ouro sobre azul", refere.

Para o representante de Portugal, o importante será fazer um bom trabalho em Xangai e "representar bem o que são as nossas origens, as nossas raízes".

“Tendo em consideração que todos os anos participam entre 50 e 60 países, estamos com um nível muito interessante, porque é reflexo do nível da coquetelaria em que estamos no nosso país", analisa Honório que considera que, a nível geral, a qualidade dos cocktails no país ainda é fraca. "Não estamos muito desenvolvidos", diz-nos. "Agora, temos dos melhores bartenders e dos melhores bares do mundo, porém, são poucos ainda", conclui.

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