Do punk à bitola: como Spencer Jr. virou referência da mixologia no Brasil
Aumentando o raio de influência, é possível encontrar o dedo e a inspiração de Spencer em muito do que se faz em mixologia na cidade e no país. É um dos nomes fundamentais na construção da alta coquetelaria brasileira, um dos nossos bartenders mais premiados. Levou o Frank Bar, no extinto Maksoud Plaza, à lista dos 100 melhores do planeta em 2018.
Sua história na barra tem 22 anos, desde que pegou praça na creperia Central das Artes, em São Paulo, por indicação de uma amiga.
✅Fui trabalhar lá para fazer um troco. Na época eu acreditava que meu futuro estava na música. Fiz parte de várias bandas no final dos anos 90, a mais famosinha foi a Blind Pigs", diz, sobre seu passado de baixista punk.
Nada muito diferente do que quando liderou o Frank Bar, no extinto Hotel Maksoud Plaza. Cuidava do layout do bar, da contratação, do treinamento, das redes sociais, das compras. Varava noites cortando barras de gelo com serrote, transformando-as em cubos perfeitos para os coquetéis.
"Criei um personagem pra trabalhar como bartender, bem diferente de mim. Sou um cara fechado, chato. No bar, me transformo em um puxa-saco, tento fazer de tudo pra que o cliente se sinta em casa", diz ele, que buscou também nos livros respostas para o dilema. "'Setting the Table', do restaurateur Danny Meyer, de Nova York, é um livro foda para quem quer aprender a se relacionar melhor com os clientes."
A leitura, não apenas a prática física, foi importante para que aprimorasse a performance corporal. Cita o livro "Paparazzi", do bartender esloveno Stanislav Vadrna, como fundamental para quem queira atuar com elegância na barra. "Ele fala de sprezzatura, uma postura, um jeito de se manifestar corporalmente e de manipular os utensílios de bar que inspira confiança no cliente. É tão importante quanto servir um bom coquetel."
Ser paciente também está entre as prioridades profissionais de um bom bartender, ele acredita. Outra tarefa árdua: "Você está no palco, é um psicólogo, precisa saber lidar com todo tipo de comportamento, ainda por cima de pessoas alteradas pelo álcool. Só que essa paciência acaba depois de 20 anos de trabalho".
O momento zen, que ele define como de "simplicidade e amor", e a agressividade descontada no saco de pancada, tem feito Spencer manter a paz em alta conta.
✅Acho que estou aprendendo a trabalhar de maneira mais inteligente, me desgastando menos. Quero viver, mas não me vejo longe do bar. Acredito que nasci pra isso, não tem escapatória."
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