Greve na agência de imigração de Portugal pode levar a situação caótica

Associações que atuam no auxílio a imigrantes em Portugal alertam que a greve marcada pelos funcionários da Agência para a Integração, Migrações e Asilo (Aima) contra as horas extras e o trabalho nos fins de semana vai comprometer o andamento dos mais de 400 mil processos em atraso.

A paralisação está marcada para começar na próxima quinta -feira (22) e se estender até 31 de dezembro. Os brasileiros serão os principais prejudicados, pois são maioria entre aqueles que esperam pela agência.

Como informou o Público Brasil, o governo ainda não chamou os representantes dos sindicatos que representam a categoria para conversar. Esperava-se que, com o pacote de 41 medidas anunciadas pelo primeiro-ministro Luís Montenegro, em junho, várias delas para agilizar as operações da Aima, a situação para aqueles que dependem da agência fosse melhorar. Mas, segundo as associações, nada mudou.

Para Ana Paula Costa, vice-presidente da Casa do Brasil de Lisboa, uma das mais antigas instituições de apoio a brasileiros em Portugal, a expectativa é de que "o que está ruim fique pior" se a greve não for resolvida a tempo. "Há muitos pedidos de regularização de imigrantes em atraso, e muitas pessoas não conseguem nem sequer agendar atendimento junto a Aima. Isso, antes mesmo da paralisação. A situação ficará caótica", afirma.

A mesma preocupação é compartilhada por Elisângela Rocha, do Coletivo Andorinha e da Associação Diásporas. "A greve só vai piorar uma situação que está muito difícil. As pessoas que estão à espera da Aima só querem regularizar a situação delas em Portugal, nada mais", diz. Diante das dificuldades, os imigrantes se sentem inseguros, sobretudo, num momento crescente do movimento anti-imigração.

Pedidos de ajuda

Na avaliação de Alessandra Gomide, presidente da Associação UAI (União, Apoio e Integração da Comunidade Luso-Brasileira), de Braga, independentemente de a greve dos funcionários ser apenas contra as horas extras e o expediente nos fins de semana, o trabalho do dia a dia da agência ficará muito prejudicado. "Para quem já tem atendimento agendado, espera-se que tudo transcorra normalmente. Mas será difícil para quem ainda precisa agendar. O receio é de que podem fechar os novos agendamentos e só abrir quando acabar a greve", ressalta.

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Alessandra afirma acreditar que o governo fará alguma coisa para evitar a greve. "Creio que não há interesse da administração pública em deixar a situação piorar. Alguma solução terá que vir", assinala.

Ela conta que apenas o anúncio da paralisação vai fazer com que muitos brasileiros acabem não indo à Aima, mesmo tendo atendimento agendado. "É importante deixar claro que a greve não atinge os agendamentos marcados, mas tem gente achando que não precisa ir por causa da greve."

Apesar da preocupação e de achar que os imigrantes brasileiros serão prejudicados com a possível greve dos servidores da Aima, Ana Paula, da Casa do Brasil, não contesta o direito dos trabalhadores de cobrarem seus direitos por meio de uma paralisação: "É complicado, porque, enquanto associação, nós sempre defendemos o direito de greve. Eles estão no seu direito", frisa.

Defesa da agência

As associações defendem as mudanças que resultaram na criação do órgão regulador, após a extinção do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF). "Nós defendemos a existência da Aima. A ideia é excelente. O SEF tinha uma função policial. A agência tem uma proposta mais humanizada, de imigração, asilo e integração. Mas todos os canais que tínhamos com o SEF entraram em colapso. Não sabemos como vai ser, não temos tido respostas por parte do governo para nossas dúvidas", diz Elisângela.

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