Ambientalista indiana batalha há 3 décadas para proteger sementes naturais

A semente é um símbolo de liberdade numa era de manipulação e monopólio. A frase é da ambientalista indiana Vandana Shiva, 71, uma das principais vozes no debate global sobre sistemas alimentares, biodiversidade e justiça social, e também na denúncia do que chama de "cartel do veneno" e de "bioimperialismo", promovidos por corporações transnacionais.

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Doutora em física quântica, filósofa, feminista e ativista, ela está no Brasil, 32 anos depois de sua primeira passagem pelo país durante a Cúpula da Terra —também chamada de Eco-92 ou Rio-92—, para participar da Rio Innovation Week. O evento de tecnologia e inovação começa nesta terça-feira (13), no Pier Mauá, na capital fluminense, e terá 32 conferências até a próxima sexta (16).

Sua palestra, intitulada "Lições de Vandana para o mundo", encerra o primeiro dia de programação, e traz parte dos relatos reunidos na autobiografia "Terra Viva - Minha Vida em Uma Biodiversidade de Movimentos" (Boitempo), lançada neste ano no Brasil.

Há 50 anos, Shiva se dedica a movimentos para salvar florestas e estimular a agricultura orgânica, um percurso que a colocou em rota de colisão com gigantes globais como o Banco Mundial, a agroquímica Monsanto e o bilionário Bill Gates. Nos últimos 30 anos, seu foco tem sido a proteger sementes naturais contra patentes manipuladas geneticamente.

A partir da investigação de projetos de plantação de eucaliptos que estavam derrubando florestas na Índia, nos anos 1980, Shiva conta ter descoberto que eles eram financiados pelo Banco Mundial.

No final dos anos 1990, a ativista processou a Monsanto no Supremo Tribunal da Índia, acusando-a de ter introduzido sementes geneticamente modificadas no território sem autorização legal.

Já o magnata americano é apontado por ela como pivô de uma corrida para controlar o sistema alimentar global por meio de patentes e tecnologias de produtividade ao mesmo tempo em que promove alimentos sintéticos.

"Chamo isso de bioimperialismo porque é um imperialismo sobre a própria vida, que promove monoculturas responsáveis por 50% dos gases de efeito estufa e 75% das doenças crônicas que afetam as pessoas", afirma.

Em seu movimento pela agroecologia e biodiversidade, o Brasil tem lugar especial.

"O Brasil se tornou o centro global de consumo de agrotóxicos e de produção por meio de organismos geneticamente modificados. Vocês destruíram a amazônia por causa do império da soja", dispara ela, que recusa a ideia de que o país seja celeiro do mundo.

"Não é verdade que o Brasil produz a maior quantidade de alimentos para o mundo. O Brasil produz a maior quantidade de commodities. E commodities não são alimentos porque 90% do milho e da soja transgênicos não alimentam as pessoas, mas carros e animais. A sua soja está indo para ração animal e biocombustível", afirma.

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