Trump domina partido e dita regras em nova plataforma dos republicanos

O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump decidiu há muito tempo que queria uma plataforma do Partido Republicano diferente em 2024. Os delegados que chegaram a Milwaukee para a Convenção Nacional Republicana com grandes planos de redigir um documento abrangente de princípios partidários rapidamente descobriram o quão determinado o empresário estava.

Assim que chegaram, seus celulares foram confiscados e colocados em bolsas seladas magneticamente. Não haveria vazamentos de informações. Depois, os delegados receberam uma cópia do texto da plataforma preparada meticulosamente pela equipe de Trump, que reduziu o tamanho do documento em quase três quartos.

"Isso é algo que, ao final, vocês vão aprovar", afirmou Trump aos delegados, segundo uma testemunha ouvida sob a condição de anonimato. "Vocês vão aprovar rapidamente."

Ele estava certo. Em questão de horas, o comitê da plataforma endossou o documento que Trump havia ditado trechos, de acordo com duas pessoas com conhecimento direto dos eventos, e tudo aconteceu antes que os delegados recuperassem seus telefones. O comitê aprovou a plataforma com 84 votos a favor, e apenas 18 contrários.

O novo conjunto de propostas suavizou a linguagem sobre o aborto, eliminou trechos que se referiam indiretamente à chamada "terapia da cura gay" e cortou uma seção sobre a redução da dívida nacional, que Trump aumentou em quase US$ 8 trilhões (R$ 44 trilhões) durante seu mandato na Presidência. Mas a parte mais reveladora não foi nenhuma disposição ou artigo específico.

Foi, sim, a eficiência implacável de um processo que durou meses e que sufocou, silenciou ou atropelou qualquer força que pudesse se opor a Trump. O resultado foi a mais recente evidência da maturação política dele e de sua operação.

Os primeiros anos da Presidência de Trump foram marcados por obstruções. Ele foi repetidamente redirecionado por assessores e rejeitado no Capitólio. Mas, agora, ao aceitar formalmente a indicação do Partido Republicano em Milwaukee pela terceira campanha consecutiva, ele já é um veterano político que passou quase dez anos eliminando sua oposição, livrando-se daqueles que são desleais e remodelando o partido à sua imagem.

Mas a plataforma oficial dos republicanos —e a maneira como a equipe de Trump a impôs à estrutura do partido— prenuncia muito além das palavras nas páginas. Ela destaca um candidato que está cada vez mais confiante em seus próprios posicionamentos e que se cercou de uma equipe que conhece tanto as regras quanto como dobrá-las.

Se o empresário reconquistar a Casa Branca, a maneira pela qual ele impôs a plataforma pode ser um modelo de como Trump pode governar, auxiliado por um Partido Republicano complacente e apoiado por uma Justiça federal que ele próprio remodelou durante seu primeiro mandato.

"O que isso diz é que o Partido Republicano é o partido de Donald Trump", disse Chris LaCivita, um dos principais assessores de campanha dele, em entrevista. "Donald Trump deixou em 2024 a marca, francamente, que deveria ter tido no partido em 2016 e em 2023."

MAIS SIMPLES, MAIS VAGA

Trump deixou claro para sua equipe que queria a plataforma de 2024 como sendo dele e somente dele. Queria que fosse muito mais curta e simples —e, em alguns casos, mais vaga. Estava especialmente focado na linguagem sobre o aborto, que reconheceu ser um problema potencialmente forte contra ele em uma eleição geral.

Não queria nada na plataforma que desse aos democratas uma abertura para atacá-lo e deixou claro para os assessores que estava perfeitamente bem em desafiar os conservadores sociais, para quem entregou uma tremenda vitória ao remodelar a Suprema Corte com uma supermaioria conservadora.

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