Serviço de viagens de moto da Uber na cidade de SP deve ser regulamentado, defendem especialistas
Mototáxi em SP — Foto: Reprodução/ TV Globo
O Uber Moto foi lançado pela empresa na quinta-feira (5) na capital paulista e no Rio. No mesmo dia, a Prefeitura de São Paulo pediu a suspensão imediata do serviço. Especialistas ouvidos pelo 💥️g1 afirmam que, antes de começar a funcionar na cidade de São Paulo, o serviço de viagens de moto via aplicativo deve passar por uma regulamentação, devido ao número excessivo de acidentes envolvendo motociclistas na capital.
Para os especialistas, antes de começar a usar o aplicativo de forma profissional, os motociclistas precisam:
Segundo o prefeito Ricardo Nunes (MDB), a Uber "começou a realizar o serviço sem consultar a prefeitura". Haverá uma análise para definir se a autorização será concedida ou vetada.
Na manhã desta sexta (6), está prevista uma reunião entre Nunes e a empresa para avaliar a situação.
Em nota, a empresa informou que já oferece viagens de moto desde novembro de 2023 no Brasil e, em São Paulo, a modalidade está presente na região metropolitana desde o ano passado.
Existe uma lei federal que regulamenta o serviço no país, mas ela pode ser adaptada de acordo com cada município. A lei determina que:
Para o advogado, o alto número de acidentes justifica a regulamentação municipal. Entre janeiro e novembro de 2022, foram registrados 16.850 acidentes na capital; desses, 371 terminaram em morte, proporção maior do que com ocorrências envolvendo carros 💥️(veja mais abaixo).
Para Flávio Vaz de Almeida, professor do Departamento de Engenharia de Transportes da Escola Politécnica - USP, é necessário ter atenção à vulnerabilidade do veículo que está sendo utilizado para o transporte. "Você acaba expondo o passageiro a um risco muito maior. Se você está em um carro é há uma colisão, é pouco provável que haja uma consequência maior."
O engenheiro de transportes Sérgio Ejzenberg concorda com a necessidade de regulamentação e fiscalização. “O transporte por moto é muito mais letal, mais perigoso, cobra um preço enorme em vidas, em hospitalização, em prejuízo social em desastre familiar”, destacou.
E completou: “As autoridades devem tomar a dianteira e estabelecer as medidas necessárias para manter o maior controle de velocidade e maior controle na prestação de serviço dos motociclistas, de tal forma que minimize a matança”.
Gil Almeida Santos, presidente do Sindicato dos Motoboys, Motoentregadores e Mototaxistas, lembrou que a plataforma trabalha com parceiros - motociclistas que se candidatam ao serviço - que não necessariamente têm o treinamento específico necessário para esse tipo de transporte.
“Não dá pra você pegar uma pessoa despreparada, colocar no trânsito e levar outras pessoas. Ainda mais em um trânsito pesado que nem na cidade de São Paulo.”
Segundo informações do Detran-SP, entre janeiro e novembro de 2022 foram registrados 16.850 acidentes envolvendo motocicletas na capital, entre os casos, 371 acabaram em morte, o que representa 2,2% do total. O Detran ainda não tem dados de acidentes de dezembro de 2022.
Já a proporção dos acidentes fatais envolvendo carros é menor, de 0,61%. De janeiro a novembro do ano passado, houve 15.897 acidentes com carros, sendo 97 com mortes.
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