China quer explorar o espaço, mas os seus satélites estão a ameaçar a astronomia
A corrida espacial junta cada vez mais concorrentes, com planos mais estruturados para a exploração do que está além da Terra. Apesar de a China estar a dar cartas neste campo, os seus satélites são, aparentemente, demasiado brilhantes.
Em agosto, a China lançou o primeiro lote de satélites daquela que poderá ser a segunda constelação da Terra. De nome Qianfan, ou "Thousand Sails", esta rede chinesa procura oferecer conetividade em toda a China e, eventualmente, no mundo, rivalizando com a Starlink da SpaceX.
Os satélites estão a ser desenvolvidos pela empresa pública Shanghai Spacecom Satellite Technology (SSST), mas a China tem sido reservada quanto aos seus planos de construção e utilização.
Com apenas 18 dispositivos dos 15.000 planeados até 2030, a nova estrutura espacial tornou-se uma ameaça significativa para a astronomia, devido ao 💥️brilho excessivo dos satélites, segundo um novo estudo, que procura sensibilizar e motivar alterações na conceção dos próximos dispositivos.
Entretanto, esta terça-feira, a China lançou com sucesso o segundo grupo de 18 satélites para a constelação, conforme informado pela Space News.
Satélites chineses brilham demasiado
O estudo, publicado no arXiv, realizou observações terrestres dos 18 primeiros satélites chineses e mediu a variação do seu brilho entre a magnitude 8 e 4 - com o brilho mais elevado a ocorrer em posições mais próximas de nós, que podem tornar os satélites visíveis a olho nu.
Conforme as observações, os 💥️satélites excedem o limite de brilho recomendado de magnitude 7 para observações astronómicas terrestres.
As magnitudes observadas dos satélites Qianfan variam entre 4, quando estão perto do zénite, e 8, quando estão a baixa altitude. Estes satélites terão um impacto na investigação astronómica, a menos que o seu brilho seja reduzido.
Avisa o estudo, liderado por Anthony Mallama, que também investigou o brilho dos satélites Starlink.
O estudo analisou a forma como o brilho dos satélites se alterava à medida que se deslocavam mais alto no céu. Os investigadores descobriram que as alterações de brilho correspondiam a um modelo de satélite com um grande painel plano virado para a Terra e um painel solar virado para o lado oposto.
Quase todas as observações podem ser modeladas com um painel de antena plana virado para o nadir [o ponto diametralmente oposto, na esfera celeste, ao zénite] e a parte inferior de um painel solar virado para o zénite, ambos com propriedades de reflexão Lambertiana.
Diz o estudo, que percebeu que os 💥️dispositivos da Qianfan não parecem ter espelhos que reflitam a luz solar para longe da Terra, contrariamente aos Starlink. A SpaceX usa esta medida para atenuar o brilho dos seus dispositivos.
Apesar destes satélites serem um problema, o número crescente de lançamentos na órbita baixa da Terra representa, também, uma ameaça significativa para a visão do cosmos. De facto, no espaço, a poluição luminosa está a tornar cada vez mais difícil ver estrelas distantes.
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