Dona do Google desiste de exótico projeto de internet por balões

Após nove anos na estrada, a empresa dona do Google decidiu encerrar um curioso projeto que tinha por objetivo levar internet a todas as regiões do planeta. Para alcançar tal feito, a iniciativa batizada de Project Loon utilizava balões que pairavam no céu e habilitavam o acesso à rede. A empresa coligada à Alphabet pretendia levar conexão a milhões de pessoas.

O comunicado foi feito pelo cientista Astro Teller. Em uma postagem oficial, ele confirmou que nos próximos meses a empresa deve começar a desacelerar as operações do projeto.

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Decolagem de balão do Project Loon — Foto: Divulgação/X Company

“O caminho para a viabilidade comercial se provou muito mais longo e arriscado do que o esperado”, escreveu Astro Teller. Apesar do fim do projeto, o cientista afirmou que a empresa está trabalhando para alocar os funcionários em outras funções nas empresas X, Google e Alphabet – todas do mesmo grupo.

Apenas uma pequena equipe ainda será mantida no Loon para garantir que as operações sejam concluídas de maneira harmoniosa e segura, de acordo com o comunicado.

O primeiro serviço comercial de internet do Projeto Loon foi lançado em junho de 2023, no Quênia — Foto: Divulgação/Alphabet 2 de 5 O primeiro serviço comercial de internet do Projeto Loon foi lançado em junho de 2023, no Quênia — Foto: Divulgação/Alphabet

O primeiro serviço comercial de internet do Projeto Loon foi lançado em junho de 2023, no Quênia — Foto: Divulgação/Alphabet

Os primeiros balões do projeto foram conectados em junho de 2013, na Nova Zelândia. A iniciativa também ajudou a fornecer internet para áreas afetadas por desastres naturais, como Porto Rico, em 2017, e Peru, em 2023. O primeiro serviço comercial de internet foi lançado em junho de 2023 no Quênia, com cerca de 35 balões que cobriam uma área de 50.000 quilômetros quadrados.

Para encerrar a iniciativa no país africano, o Loon decidiu oferecer US$ 10 milhões (R$ 53 milhões, em conversão direta) a organizações sem fins lucrativos e negócios no Quênia dedicados à “conectividade, internet, empreendedorismo e educação”.

Funcionamento básico da rede de comunicação do projeto Loon (Foto: Divulgação/Google) — Foto: Divulgação/Google 3 de 5 Funcionamento básico da rede de comunicação do projeto Loon (Foto: Divulgação/Google) — Foto: Divulgação/Google

Funcionamento básico da rede de comunicação do projeto Loon (Foto: Divulgação/Google) — Foto: Divulgação/Google

Como funcionam os balões

Os balões do Project Loon voam na estratosfera, acima de aviões, pássaros e eventos climáticos, a cerca de 20 quilômetros de altura. Eles têm o tamanho de uma quadra de tênis e carregam equipamentos de rede móvel alimentados por energia solar.

Espalhados, os balões criam uma rede que disponibiliza conexão sem fio para áreas em que geralmente é inviável construir torres tradicionais de celular. O sistema de navegação funciona de modo autônomo, supervisionado por operadores, e usa inteligência artificial para se aperfeiçoar.

Tecnologia do Loon deve ser aproveitada por iniciativas como o Projeto Taara — Foto: Divulgação/Alphabet 4 de 5 Tecnologia do Loon deve ser aproveitada por iniciativas como o Projeto Taara — Foto: Divulgação/Alphabet

Tecnologia do Loon deve ser aproveitada por iniciativas como o Projeto Taara — Foto: Divulgação/Alphabet

Mesmo com o fim do projeto, a empresa espera que o Loon seja um trampolim para futuras tecnologias e negócios. Para isso, o conglomerado afirma que levará adiante alguns avanços da iniciativa, como a alta velocidade de banda larga de 20 Gigabits por segundo (Gb/s). A tecnologia já foi incorporada pelo Projeto Taara, que busca levar internet de alta velocidade e preços acessíveis na África Subsaariana.

Além do Projeto Loon, a Alphabet já havia encerrado os projetos Makani no ano passado, que pretendia usar turbinas eólicas acopladas a pipas para gerar energia elétrica renovável, e o Foghorn em 2016, que buscava criar combustível limpo a partir da água do mar.

Rivais buscam projetos similares

Projeto Airband usa ondas de frequências de TV entre os canais para gerar internet — Foto: Divulgação/Microsoft 5 de 5 Projeto Airband usa ondas de frequências de TV entre os canais para gerar internet — Foto: Divulgação/Microsoft

Projeto Airband usa ondas de frequências de TV entre os canais para gerar internet — Foto: Divulgação/Microsoft

Atualmente, outras empresas desenvolvem projetos parecidos. A Amazon tem planos de levar internet de alta qualidade para as partes mais remotas do mundo com o Projeto Kuiper. Para isso, a empresa pretende lançar uma rede de cerca de três mil satélites na baixa órbita terrestre. A iniciativa concorre com a da empresa global de comunicações OneWeb, que quer colocar mais de seis mil satélites em órbita.

Já a Microsoft usa, desde 2017, as ondas de frequências de TV (TVWS) não utilizadas entre os canais para fornecer internet a mais de 40 milhões de pessoas em comunidades de todo o mundo no Projeto Airband. O Facebook desistiu do Projeto Aquila em 2018, um drone que buscava levar internet para regiões remotas do planeta.

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