Candidatos disputam sem adversários em 43 cidades gaúchas após enchentes

A menos de dois meses das eleições, os eleitores de Santa Tereza, município de 1.500 habitantes da serra gaúcha, têm preocupações que vão muito além da escolha do candidato a prefeito em outubro.

A cidade ganhou notoriedade quando uma ponte foi destruída pela correnteza durante uma transmissão ao vivo da prefeita Gisele Caumo (PP) em 30 de abril, um dos primeiros sinais da tragédia climática do Rio Grande do Sul.

"A gente não sente aquele clima de uma campanha eleitoral", afirma a prefeita, que concorre à reeleição e precisa de apenas um voto para confirmar a vitória em outubro —é a única candidata.

Enfrentando um cenário adverso após enchentes devastarem cidades inteiras, o Rio Grande do Sul é o estado brasileiro com mais municípios que terão apenas um candidato concorrendo ao cargo de prefeito em outubro. Ao todo, 43 cidades terão candidatura única no estado.

A situação se replica em 214 municípios do país, apontam dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O número é o dobro de 2023, quando 107 cidades tiveram apenas um nome inscrito para concorrer ao Executivo municipal.

A legislação eleitoral prevê que será eleito o candidato que obtiver a maioria dos votos válidos, excluídos os votos em branco e nulos. Dessa forma, em caso de candidaturas únicas, basta apenas um voto para que a vitória seja sacramentada.

Com foco na reconstrução da cidade, Santa Tereza terá um cenário distinto ao da acirrada eleição de 2023, quando Gisele Caumo foi eleita com uma diferença de apenas 19 votos para o segundo colocado. A campanha começou nesta sexta-feira (16), mas o clima eleitoral passa longe do cotidiano da cidade.

O MDB, principal partido de oposição em Santa Tereza, optou por lançar apenas candidatos a vereador, abrindo caminho para a reeleição da prefeita. A cidade enfrentou cinco fenômenos climáticos extremos desde setembro de 2023, com danos estimados em cerca de R$ 100 milhões.

A situação é semelhante em municípios atingidos pelas enchentes do rio Caí. As cidades de Harmonia, Tupandi, Feliz, Alto Feliz e São Pedro da Serra – todas na mesma região – também terão chapa única na disputa pelas prefeituras.

"Nem parece ter eleição, de tão tranquilo. As pessoas às vezes se surpreendem que a gente está fazendo visita, apesar de não precisar", afirma Ernani Forneck (União Brasil), prefeito de Harmonia (75 km de Porto Alegre) e candidato à reeleição.

Ele já havia sido candidato único na eleição de 2023 e vai concorrer mais uma vez sem adversários. Ao analisar o cenário na região, diz ver uma tendência de eleição "sem muita briga" nas cidades vizinhas.

A conciliação com opositores também foi o que viabilizou a aliança ampla de Gilson Becker (PSB), que disputa a reeleição em Vera Cruz, cidade de 26 mil habitantes e a maior do Rio Grande do Sul a ter chapa única.

Em 2023, foi eleito com 45% dos votos válidos em uma disputa com outros três candidatos e agora tem como aliados os antigos rivais do PL e PP.

Gilson conta que procurou a oposição logo após sua eleição e iniciou o mandato sem adversários no Legislativo. "Não quer dizer que a Câmara só diz amém, mas é a forma de estar dialogando, de estar construindo os projetos, já antes de ir à votação", afirma.

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