O paraíso de Dante (pós 7 a 1) é na Riviera Francesa

Fim de semana marcado por tristeza no Brasil e na França. Enquanto os brasileiros choravam a morte de Silvio Santos, aos 93 anos, os franceses lastimavam a do ator Alain Delon, 88.

Enquanto isso, algumas das principais ligas europeias deram o pontapé inicial de suas temporadas.

Em Paris, as ruas estavam repletas de propagandas em postes e pontos de ônibus para lembrar a turma da volta do Francesão, chamado de Ligue 1, uma semana após o final da Olimpíada e menos de duas antes do início da Paralimpíada.

Este escriba, em momento pouco humilde, viu vários destes outdoors no mesmo dia. Desde a primeira vez, rolou um certo incômodo com algo naquele cartaz com os dizeres "todos os jogos da Ligue 1 McDonald’s somente na DAZN", e nem era com o fato de a rede de fast-food americana estar associada aos naming rights. Achei isso até engraçado.

Só depois que este lento escriba se deu conta. O incômodo era com a imagem dos cinco jogadores destacados no cartaz, portanto, apontados como chamarizes da competição.

Um deles, bem no centro, sorridente, era o zagueiro bom baiano Dante, quem diria. Para quem não lembra, Dante fez parte do grupo da Copa do Mundo de 2014, aquela, e foi titular em um único confronto da competição, aquele, o 7 a 1.

Dante era zagueiro de reputação ilibada na Alemanha naqueles tempos. Reza a lenda que ele chegou a ser sondado para se naturalizar e defender a pátria germânica, veja só. Foi tão bem no Borussia Mönchengladbach que foi contratado pelo poderoso Bayern de Munique, time que defendia em 2014.

Portanto era amigo de alguns dos algozes do Mineiraço.

Ser titular em uma única partida, aquela partida, foi um acaso. Thiago Silva estava suspenso. E Scolari não tinha muitas opções no mediano banco de reservas, que ele mesmo montou. Todos estavam preocupados com o substituto de Neymar, mas trocar Thiago por Dante nunca foi uma questão tensa naquele pré-jogo de semifinal.

Bem, foi uma cilada. E, como zagueiro, o atleta ficou marcado, passou a viver o inferno de Dante, mais quente que o da literatura, descrito pelo florentino Alighieri, ou que o do vulcão hollywoodiano —filme com Pierce Brosnan e Linda Hamilton.

E então, dez anos depois do 7 a 1, Dante vive seu paraíso jogando pelo Nice, equipe que defende desde 2016. O clube fica na cidade homônima da Riviera Francesa, conhecida pelas praias de águas azuis. Nada mal, é um bom lugar para se recuperar do inferno.

Mas o cartaz, de certa forma, mostra que a Ligue 1 vive um drama. Com todo respeito, se Dante, aos 40 anos (41 em outubro), é um dos principais nomes do torneio, temos um problema.

O mesmo pôster também traz o simpático Lacazette, atacante do Lyon de 33 anos que acabou de ganhar a medalha de prata nas Olimpíadas, pela França; o jovem Zaïre-Emery, 18, promessa local, como a referência do Paris Saint-Germain; Mandanda, goleiro do Rennes; e o zagueiro argentino Balerdi (acho que é ele), do Olympique de Marselha.

De acordo com o jornal francês L’Équipe, os organizadores da liga sofreram para vender os direitos do torneio. Sem Mbappé (depois do sem Neymar e do sem Messi), agora no Real Madrid, conseguiram apenas metade do valor inicialmente pretendido. E as contratações da liga também não animaram muita gente.

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Talvez a principal estrela do PSG seja o treinador Luis Enrique. Finalmente um técnico que manda mais que os jogadores.

O clube de Paris continua favorito. Mas este escriba, do contra, aposta no time de Marselha, com o novo técnico Roberto de Zerbi. Já o Nice, sem pretensões, pode continuar sendo apenas o paraíso de Dante.

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