Com Kamala, democratas trocaram medo de Trump por otimismo

Na terça-feira passada (6), durante o discurso de estreia de Tim Walz como companheiro de chapa da candidata democrata à Presidência dos Estados Unidos, Kamala Harris, ele a agradeceu por "trazer de volta a alegria".

Foi só então que percebi plenamente o quanto a alegria tem gerado a eletricidade por trás da candidatura presidencial de Kamala. Não por causa de alguma posição política específica que a atual vice-presidente tenha tomado —ela não está articulando propostas que diferem substancialmente das do presidente, Joe Biden. No entanto, ela está se permitindo ser o recipiente para a energia progressista reprimida.

Eu subestimei o quanto os eleitores democratas haviam sofrido danos emocionais nos últimos três anos e meio —não por causa da administração Biden, mas pelas intermináveis guerras culturais— e como esses danos se solidificaram em um tipo de depressão eleitoral.

O movimento Black Lives Matter atingiu seu pico e depois diminuiu, enquanto a reação cultural a ele (e ao chamado "movimento woke") se tornou uma indústria em crescimento. O projeto de reforma policial em âmbito federal não apenas fracassou, mas a ideia também se tornou radioativa. A legislação federal de direitos de voto estagnou e muitos estados correram para promulgar novas restrições aos eleitores.

Em todo o país, vários estados buscaram restringir os direitos LGBTQIA+, sufocar o ensino da história negra e restringir a liberdade dos manifestantes. A Suprema Corte derrubou Roe vs. Wade, decisão que garantiu o direito ao aborto nos EUA em 1973, e desmantelou a ação afirmativa nas admissões universitárias. Além de tudo isso, há uma guerra na Faixa de Gaza —sim, apoiada pela administração Biden— que muitos jovens progressistas, em particular, veem como inadmissível.

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Enquanto ainda estava na corrida de 2024, a campanha de Biden apresentou aos democratas a opção de continuar protegendo a democracia americana. Essa era uma descrição precisa dos riscos, mas também uma mensagem negativa que dependia de uma atitude defensiva e do medo.

De uma só vez, porém, quando Biden se retirou e os democratas se uniram em torno de Kamala, uma nova possibilidade nasceu. Com ela, eleitores receosos de outro mandato do ex-presidente Donald Trump puderam trocar o medo pelo otimismo. Os democratas agora tinham algo pelo que lutar tanto quanto tinham contra o que lutar.

No ano passado, quando Biden se preparava para anunciar sua candidatura à reeleição, Terrance Woodbury, sócio-fundador da consultoria HIT Strategies, cuja pesquisa inclui a sondagem do sentimento dos eleitores negros, me disse algo que ficou comigo —os eleitores negros jovens (os homens negros jovens em particular) são menos receptivos a mensagens políticas de medo e perda e mais receptivos a mensagens de ganho e empoderamento.

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