Netanyahu elogia Biden e Trump em discurso no Capitólio e minimiza protestos

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, elogiou o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o ex-presidente Donald Trump em discurso numa sessão conjunta das duas Casas do Congresso americano, nesta quarta-feira (24), em Washington.

Netanyahu adotou um tom combativo para reforçar a aliança entre Tel Aviv e Washington. Ele relacionou a existência do Estado de Israel e da guerra atual contra o Hamas à batalha entre barbárie e civilização. Também ressaltou o que chamou de ameaça proporcionada pelo Irã e seus aliados no Oriente Médio.

O premiê chegou ao Congresso aplaudido pelos parlamentares americanos. Netanyahu entrou na Casa e se dirigiu ao púlpito principal, à frente do presidente da Câmara, Mike Johnson, cumprimentando pelo caminho os congressistas presentes.

A ovação continuou por cerca de um minuto mesmo após Netanyahu assumir o local para falar. Depois de apresentado, ele foi de novo aplaudido pelos congressistas, que fizeram gritos de apoio.

Havia outros presentes além dos congressistas, como uma refém resgatada de Gaza, familiares de soldados mortos no conflito —todos referenciados nominalmente por Netanyahu e aplaudidos— e outras personalidades, como o empresário Elon Musk, dono da plataforma X e apoiador de Trump, cujos comentários antissemitas espantaram anunciantes da rede social no ano passado.

A vice-presidente e provável candidata democrata à Presidência após a desistência de Biden, Kamala Harris, que pelo cargo e por tradição presidiria o discurso, teve um conflito de agenda e não esteve presente. Netanyahu não a mencionou.

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O líder israelense repetiu do começo ao fim do discurso que seu país venceria a guerra e que a aliança com Washington, seu principal parceiro e fornecedor de armamentos, era essencial para o sucesso na Faixa de Gaza.

Netanyahu também fez críticas à gestão atual da Casa Branca ao pedir mais rapidez no envio de armas. Ele fez referência pouco sutil ao discurso de Winston Churchill no mesmo Congresso americano, durante a Segunda Guerra Mundial, no qual o premiê britânico disse a famosa frase "nos deem as ferramentas e nós finalizaremos o trabalho".

"Nos deem as ferramentas mais rapidamente, e nós terminaremos o trabalho mais rapidamente", disse o israelense.

Por outro lado, de forma mais explícita, Netanyahu elogiou o presidente americano, ainda no início do discurso, e deixou para o fim um elogio em proporção semelhante ao ex-presidente Donald Trump.

"Quero agradecer o presidente Biden pelos seus esforços em favor dos reféns e pelas famílias dos reféns", disse o israelense, lembrando ainda do "apoio sincero" do democrata após o ataque do Hamas no dia 7 de outubro passado.

"Ele foi a Israel para ficar conosco na nossa hora mais escura, numa visita que nunca será esquecida", afirmou. "Presidente Biden e eu nos conhecemos há quase 40 anos. Eu agradeço a ele por ser, como ele diz, um sionista com orgulho, aliás, um irlandês-americano sionista com orgulho", disse ainda o premiê de Israel.

Embora o discurso tenha o objetivo claro de galvanizar o apoio americano bipartidário a Israel, não deixa de ser curioso o elogio aberto ao democrata. A relação entre Biden e Netanyahu se degradou nos últimos meses, com críticas cada vez mais evidentes do americano ao governo do israelense e à continuidade do conflito em Gaza.

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Em março, por exemplo, Biden disse que Netanyahu "prejudicava mais do que ajudava" Israel. Em junho, o democrata afirmou que o premiê israelense poderia estar prolongando a guerra por razões políticas, em meio ao vaivém relacionado às tentativas de mediação de um acordo de cessar-fogo que, até o momento, pouco avançaram. O governo de Tel Aviv criticou o democrata.

Biden, no entanto, vivia ainda os desdobramentos da pressão política interna após a eclosão dos protestos pró-Palestina nos campi universitários do país, algo que incomodava eleitoralmente o presidente, até então em campanha. Ele desistiu de concorrer à reeleição no domingo (21).

Netanyahu minimizou também os protestos que ocorriam do lado de fora do Capitólio e reuniram milhares de pessoas durante sua fala —houve confrontos com a polícia. Ele criticou o que chamou de "manifestações anti-Israel" e afirmou que participantes destes protestos são "idiotas úteis do Irã".

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