Nunes liga Boulos a Janones e se desvia de polêmicas bolsonaristas em sabatina FolhaUOL

O prefeito e pré-candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB) ligou Guilherme Boulos (PSOL) à suspeita de "rachadinha" do deputado federal André Janones (Avante-MG) e se desviou de polêmicas do bolsonarismo, nesta segunda-feira (15), no ciclo de entrevistas promovido por 💥️Folha e com postulantes à Prefeitura de São Paulo.

Nunes fez logo no início uma referência indireta a Janones, chamando-o de "o rapaz da rachadinha" e depois falou que "teve lá a passada de pano pelo Boulos", quando o deputado federal do PSOL, como relator, votou pelo arquivamento do caso no Conselho de Ética da Câmara.

Para o emedebista, Boulos "fez a legalização da rachadinha".

Apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Nunes disse considerar que o 8 de janeiro não foi uma tentativa de golpe de Estado, mas um ato de depredação do patrimônio público. Ele fez coro ao bolsonarismo nas críticas às penas aos envolvidos nas invasões dos prédios públicos em Brasília.

O emedebista argumentou que não havia "uma situação de pessoas armadas", eram "pessoas humildes, ambulantes, aposentados". Ressalvou, contudo, que eram "pessoas que estavam ali fazendo algo totalmente errado" e que repudiou o episódio desde o primeiro momento. "Está muito distante dizer que aquelas pessoas tentaram um golpe de Estado", reiterou.

Ele citou o caso Escola Base, quando proprietários e funcionários de uma escola foram falsamente acusados de abuso a crianças, e disse que qualquer investigação pode resultar em absolvição ou condenação. "A gente precisa ter muita cautela em fazer um pré-julgamento antes do momento adequado."

Nunes buscou equiparar o 8 de janeiro a atos de Boulos, lembrando episódios em que o então líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) participou de manifestações.

Ele recomendou mais de uma vez que o público "desse um Google" em "Boulos 23 de setembro", alusão à data em 2023 em que integrantes do MTST e da Frente Povo Sem Medo invadiram o pregão da Bolsa de Valores, em São Paulo para um protesto. Nunes também lembrou manifestações do grupo num prédio do Ministério da Fazenda e na sede da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

"Foi tentativa de golpe o Boulos ter invadido o Ministério da Fazenda e a Fiesp", disse o prefeito.

O pré-candidato à reeleição também repudiou o atentado contra o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, no fim de semana, classificando como "um exemplo daquilo que a gente precisa continuar combatendo" e dizendo que "não é aceitável qualquer tipo de agressão".

Ele também provocou Janones ao afirmar que a facada sofrida por Bolsonaro em 2018 foi lamentável. "O rapaz da rachadinha [apareceu] dizendo que isso teria sido algo forjado, tanto aqui quanto lá."

Nunes se desviou de questões polêmicas sobre Bolsonaro e seu grupo político, mas procurou reforçar a aliança eleitoral e sustentou que o ex-presidente contribuiu com a cidade enquanto estava no Planalto.

"Trabalhei muito para ter o apoio do presidente Bolsonaro, estou grato pelo apoio do presidente Bolsonaro", declarou. Ele também negou que o ex-presidente tenha condicionado o apoio a cargos.

Questionado se é bolsonarista, insistiu na resposta que vem dando e disse ser "ricardista".

"Eu sou do diálogo, respeitando sempre os posicionamentos contrários", afirmou ele, que lembrou estar filiado ao MDB desde os 18 anos. "Eu sou um defensor extremista da democracia."

Nunes aproveitou várias oportunidades para pintar Boulos como uma ameaça. "Alguns dos pré-candidatos não têm moderação em suas falas. A gente precisa distensionar isso", declarou, afirmando que a eleição será o momento ideal para avaliar o perfil e a história pessoal dos candidatos.

"[É preciso] vencer a extrema esquerda, de alguém que depreda o patrimônio público, ataca adversários e fez a legalização da rachadinha. [...] É um risco para a cidade ter alguém agressivo, invasor, depredador e que legalizou a rachadinha", disse.

Apesar de ter direcionado mais ataques a Boulos, Nunes também mirou Pablo Marçal (PRTB), que atrai parte do eleitorado bolsonarista e pode desidratar sua candidatura à reeleição, e José Luiz Datena, classificando como injustiça o PSDB lançar um candidato e ficar fora de sua coligação.

"Eu não diria que é uma traição, mas acho que é uma injustiça", afirmou.

O prefeito disse que o coerente e natural seria o PSDB continuar em seu projeto, já que ele foi o vice do então prefeito Bruno Covas, que morreu em 2023. Nunes disse que Covas o colocava como candidato natural à sucessão, já que não poderia tentar um novo mandato neste ano.

O prefeito também defendeu a escolha do coronel da reserva da PM Ricardo Mello Araújo (PL) como seu candidato a vice na chapa. O ex-comandante da Rota (batalhão de elite da PM paulista, conhecido por sua letalidade e truculência) foi indicado por Bolsonaro, mas Nunes negou que tenha sido um nome imposto.

O emedebista disse que questionou Mello Araújo sobre a polêmica declaração do ex-coronel em 2017 na qual defendeu tratamento diferente da PM a moradores da periferia e de áreas nobres. Segundo o prefeito, o militar respondeu que foi mal-interpretado na época e que se tratou de "uma fala mal colocada".

Nunes também afirmou que, se reeleito, será bom ter como vice alguém com "uma vida limpa, ilibada".

"É esse cara que eu quero, que, quando chegar alguém com gracinha, põe pra fora, pra correr. A gente precisa ter isso", disse, após lembrar que Mello Araújo trava batalha judicial com o senador Alexandre Luiz Giordano (MDB) porque, supostamente, impediu um caso de corrupção na Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) quando foi presidente do local.

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