Humanoides clínicos

O American Board of Internal Medicine (Abim), entidade semelhante ao Conselho Federal de Medicina, no Brasil, revogou a certificação de dois médicos americanos conhecidos por liderar uma organização que promove a ivermectina como tratamento para Covid-19. A notícia tem relevância comparativa na profissão médica brasileira, onde acontece preocupante fissura qualitativa entre o nível da prática e o da instituição.

É o que revela a recente eleição no Conselho Federal de Medicina, vencida pelo bloco antiaborto, comprometido com o inútil receituário da cloroquina e da ivermectina durante a pandemia, explicitamente antenado à ultradireita. Há nele quem ainda apoie a violência depredatória na Praça dos Três Poderes.

O desconcerto evoca a narrativa do austríaco Robert Musil, "O Homem sem Qualidades", em que o personagem Ulrich, sem características próprias e indiferente ao mundo, busca um sentido para a vida. Embora do século passado, trata-se de uma construção romanesca atualíssima no século 21, quando as tecnologias da comunicação avançam céleres em eficácia técnica, mas viralizam os antagonismos políticos e o retrocesso de qualidades humanas.

Não se põe em dúvida a competência da maioria dos médicos brasileiros nem a excelência de determinados hospitais, tanto no setor público como no privado. Para cá, acorrem pacientes de várias partes do mundo atraídos pelo renome profissional de muitos. Há setores de pesquisa avançada conectados a centros de referência internacionais.

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