Seis mulheres são presas por exploração de menores no Leblon; três aliciavam os próprios filhos

Seis mulheres foram presas por exploração de mão de obra infantil no Leblon, na Zona Sul do Rio. Os menores, desde crianças de colo até adolescentes, estariam sendo obrigados a vender balas, pedir dinheiro, comida e fraldas a pessoas na rua.

De acordo com as investigações da 14ªDP (Leblon), elas ficavam de longe, sentadas, enquanto os menores ficavam vulneráveis, sozinhos. Um adolescente falou que eles ficavam sem comer, pois a prioridade de alimentação era dos adultos. Ele disse ainda que eram levados mesmo quando as mulheres não podiam ir.

Imagens registradas na terça-feira (4) mostraram que as crianças estariam sendo obrigadas a pedir até em dias de chuva.

A rotina destes grupos foi acompanhada por vários dias pelos agentes. Segundo eles, os grupos vêm de várias comunidades da Zona Norte da cidade.

Três mulheres tiveram a identidade divulgada para proteger as crianças, que são filhos delas. As outras foram identificadas como Leandra Santos Pinheiro da Silva, Paloma Cristina Lopes do Nascimento e Priscila Monique de Oliveira Siqueira. Elas acompanhavam outros menores.

Menor pede comida nas ruas do Leblon, na Zona Sul do Rio — Foto: Reprodução/ TV Globo 1 de 2 Menor pede comida nas ruas do Leblon, na Zona Sul do Rio — Foto: Reprodução/ TV Globo

Menor pede comida nas ruas do Leblon, na Zona Sul do Rio — Foto: Reprodução/ TV Globo

Os investigadores afirmam que as adultas ficavam de longe, enquanto os menores passavam o dia inteiro circulando pelas ruas. Três das mulheres detidas eram mães das vítimas.

Ainda de acordo com os investigadores, elas ficavam distantes, deixando-as vulneráveis. A técnica seria usada pelas mulheres para gerar pena em quem passava.

"Tio, me desculpe incomodar. Não vou te pedir dinheiro, não. Só quero um pão com linguiça", pedia uma menina, que aparentava ter menos de dez anos.

A irmã, de 12 anos, também ajudava no pedido. Questionadas se estavam sozinhas, elas diziam que eram do Complexo do Alemão e que estavam com a mãe, que estaria vendendo balas.

Na quinta (5), o mesmo grupo foi visto pedindo dinheiro na Rua Afrânio de Melo Franco. Três mulheres ficavam na porta do Colégio Santo Agostinho, deitadas no chão. Elas conversavam mexiam no telefone celular.

As crianças estavam vendendo balas, um quilômetro de distância dali. Elas seguiam sozinhas e corriam entre os carros, correndo risco.

"Essas mulheres foram presas por explorarem a mão de obra infantil, por abandono de incapaz, por abandono material, abandono intelectual dessas crianças, por expor à situação vexatória. Elas vinham das comunidades da Nova Holanda, Complexo do Alemão, Jacaré e da Penha. Os crimes têm uma pena grande, acredito que até uns 10 anos elas podem pegar", afirmou a delegada Daniela Terra.

Em depoimento, um dos adolescentes contou que era levado para pedir dinheiro todos os dias da semana, menos às segundas-feiras — Foto: Reprodução/ TV Globo 2 de 2 Em depoimento, um dos adolescentes contou que era levado para pedir dinheiro todos os dias da semana, menos às segundas-feiras — Foto: Reprodução/ TV Globo

Em depoimento, um dos adolescentes contou que era levado para pedir dinheiro todos os dias da semana, menos às segundas-feiras — Foto: Reprodução/ TV Globo

Em depoimento, um dos adolescentes contou que era levado para pedir dinheiro todos os dias da semana, menos às segundas-feiras. Ele contou que as crianças eram entregues pelas mães a adultos, que as exploram, obrigando a mendigar, pedir comida e fraldas.

O menor contou ainda que, muitas vezes, as crianças ficavam sem comer. E que a obrigação deles era alimentar, primeiro, quem os explora.

Ele afirmou ainda que chegavam a ficar no Leblon das 9h às 23h e que, quanto menor fosse a criança, mais dinheiro conseguia.

O adolescente contou que chegou a arrecadar R$ 700 em um dia.

"Eles têm Pix. Dão o Pix das mães. Elas têm telefone celular. Esses valores são transferidos para o Pix dessas mães, dessas tias de consideração. Enfim, e é toda uma organização para a exploração do trabalho infantil. Elas alegam, na delegacia, que elas precisam desse dinheiro. Mas, se elas precisam desse dinheiro, que elas procurem trabalhar, que elas procurem, então, vender as coisas. E não os filhos para vender ou pessoas pequenas, crianças que nem filhos são delas", afirmou a delegada.

As mulheres foram levadas para o presídio de Benfica, na Zona Norte do Rio, e aguardam a audiência de custódia.

Em depoimento, uma das mães afirmou que o filho não teve aula nos últimos dias e confirmou que ele estava fazendo a venda de chocolates. Outra afirmou que tanto elas quantos os filhos, habitualmente, fazem a venda de mercadorias, no caso panos de prato e balas.

Sobre as outras mulheres, uma delas confirmou que os menores costumavam fazer as vendas aos pedestres. Outra, questionada se foi ela que entregou o pano de prato para venda, negou. E a terceira confirmou que as crianças vendiam balas e outros itens.

As seis mulheres foram indiciadas por quatro crimes: associação criminosa, abandono de incapaz, exposição vexatória e abandono intelectual.

Na delegacia, as crianças receberam refeições e depois parentes próximos foram ao local e as levaram para casa.

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