Cuidadores de idosos denunciam atraso de salários e ameaças na Fundação Leão XIII
Funcionários terceirizados da 💥️Fundação Leão XIII, que trabalham como auxiliares e cuidadores de idosos, denunciaram atraso de salários em duas instituições públicas de acolhimento do Rio: no Centro de Recuperação Social de Campo Grande e na Vila de Idosos de Sepetiba, ambas na Zona Oeste da cidade.
As instituições são subordinadas ao órgão estadual de Assistência Social, e os funcionários são contratados pela 💥️ONG Inatos. Eles relatam receber ameaças por cobrar pelo pagamento.
“Ameaças de que se faltar vai ser demitido. Quem não estiver no barco nesse momento, não vai ser aproveitado para quando a situação for resolvida. Então, se já não bastasse toda a situação de humilhação, de ficar sem pagamento, os funcionários ainda são ameaçados nesse sentido”, conta um funcionário sem se identificar.
“Nossa situação é bastante complicada. Há dois meses e meio, sem pagamento e sem termos a quem recorrer. Enquanto isso os funcionários ficam com as suas dívidas atrasadas, muitos passando necessidade porque dependem exclusivamente desse trabalho”, denuncia outro homem.
A falta de pagamento atrapalha até mesmo que os profissionais consigam chegar ao serviço, e eles se revezam para manter os atendimentos.
‘Em respeito aos idosos, o trabalho está sendo continuado, eles são assistidos, têm o acompanhamento dos profissionais. E, mesmo aqueles profissionais que já foram desligados, ao procurar a empresa, foram informados que não há dinheiro nem para pagar as indenizações”, diz um funcionário.
A 4ª Promotoria de Justiça de Proteção à Pessoa Idosa da Capital, do Ministério Público, acionou a Justiça e negocia um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para regularizar os serviços prestados.
“Realmente, os funcionários estão há dois meses sem receber. Funcionários que são cuidadores de idosos, assistentes de serviços gerais, psicóloga, fisioterapeuta, que são responsáveis pelos cuidados diários desses idosos. Então, isso nos causou muita preocupação porque, diante da falta de pagamento, nós não sabemos como esse serviços serão prestados a partir de agora”, ressalta a promotora Cláudia Turner.
A presidência da Fundação Leão XIII disse ao Ministério Público que desconhecia qualquer atraso no pagamento.
Em 2023 e 2023, duas operações do Ministério Público investigaram suspeitas de organização criminosa, fraudes licitatórias, corrupção e lavagem de dinheiro na Fundação Leão XIII.
Em uma delas, o governador Cláudio Castro foi citado. Segundo o delator, Bruno Campos Selem, administrador da empresa que tinha contratos milionários com a fundação, o governador, enquanto ainda era vice, carregava R$ 100 mil em propina na mochila. Castro sempre negou.
Segundo os funcionários, o atraso dos salários começou em julho, no mesmo mês em que houve a troca de comando na fundação.
O novo presidente é o advogado 💥️Glauco André Fonseca Wamburg, que foi candidato a vereador em 2023, pelo PSD, mas recebeu só 445 votos.
Um deputado estadual, investigado por suspeitas de corrupção na fundação, Marcus Vinicius Neskau, do PTB, já foi defendido por Glauco. O parlamentar, que chegou a ser preso na operação “Furna da Onça”, nega que a nomeação do atual presidente partiu de uma indicação dele.
A 💥️Fundação Leão XIII disse que não procede a informação de que os atrasos tenham começado em julho. Disse que, ao tomar conhecimento da denúncia ao Ministério Público, cobrou da ONG Inatos esclarecimentos. E que a organização informou que estava emitindo uma ordem de pagamento para regularizar a folha em atraso.
Segundo a Fundação, a Inatos respondeu que ainda que uma segunda ordem de pagamento está programada para esta terça-feira (18), encerrando as pendências.
A Fundação ainda disse que “vem realizando seu papel, acompanhando prazos e fiscalizando para que não haja prejuízo à prestação dos serviços”, e que, se for necessário, vai adotar as medidas administrativas cabíveis.
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