'Não imaginamos que vai acontecer com a gente', diz jovem negra acusada de furto em shopping no RJ

Awdrey com a funcionária da loja, que segura seu casaco — Foto: Reprodução 1 de 1 Awdrey com a funcionária da loja, que segura seu casaco — Foto: Reprodução

Awdrey com a funcionária da loja, que segura seu casaco — Foto: Reprodução

A estudante Awdrey Ribeiro, de 21 anos, que foi acusada por uma funcionária das Lojas Renner, do Madureira Shopping, na Zona Norte do Rio de Janeiro, de furto no último sábado (12), voltou a delegacia de Madureira na manhã desta segunda-feira (14). A jovem, a mãe, uma tia e a advogada estão na 29ª DP (Madureira) para pedir que a tipificação do caso seja mudada. Os investigadores do local teriam registrado como calúnia. Mesmo a defensora da família exigir o registro como racismo.

À TV Globo, a jovem desabafou após o episódio.

Awdrey acusa as Lojas Renner de injúria racial após ter sido abordada dentro do provador por uma funcionária que dizia que ela teria pego um casaco e colocado em uma bolsa que ela carregava, como se estivesse roubando.

"Estava com uma jaqueta dentro da bolsa e uma funcionária disse que eu estava com uma roupa da loja escondida e que eu queria furtar. Eu tomei um susto pelo que estava acontecendo. Eu fiquei com medo de ser acusada de roubar uma coisa que é minha, antiga. Fiquei muito constrangida, humilhada. Foi um episódio horroroso. Estou muito abalada, sentida, me sinto muito humilhada", contou a jovem.

Portadora de uma doença autoimune, Awdrey diz que a situação fez com que ela tivesse um abalo emocional. E isso está sendo visto na sua pele.

"Eu sofro de uma doença autoimune, a psoríase, que causa feridas na pele. Por conta do estresse, elas se agravaram; meu corpo está tomado por essas lesões, vermelhas e em carne viva. Está muito ruim", lembra a estudante.

No dia do fato, Awdrey estava com a mãe e a tia. Barbara Ribeiro lembrou que ainda tentou chamar a gerente e denunciar o caso. Em vão.

"A minha filha foi agredida dentro do provador da Renner. Foi coagida a mostrar tudo. A minha filha teve que provar que não tinha nada. Foi uma situação... sem palavras. Foi um sentimento de indignação. Fui falar com a gerente para resolver alguma coisa e eu vi que não iria dar. As pessoas começaram a falar que era racismo sim e foi aí que eu chamei a polícia. Eu não queria sair dali sem o meu respeito e o da minha filha. Foi uma coisa que acabaria com o nosso respeito. Por isso eu dei parte de racismo", desabafou Barbara.

A advogada Alexandra Gregório também estava no shopping e presenciou toda a cena. Ela se prontificou a ir até a delegacia e defender Awdrey. Entretanto, ela afirma que os investigadores da 29ª DP registraram o caso apenas como calúnia. Alexandra vai exigir a troca da tipificação do crime.

"O caso foi registrado como calúnia, mesmo eu insistindo para que fosse registrado como racismo e pedindo a prisão em flagrante da suspeita. Nada disso foi feito. Não é um caso de calúnia e sim de racismo. É preciso ser mudado a tipificação para mudarmos o racismo estrutural. Estamos pedido a tipificação correta para reparar esse horror que ela sofreu.

Em nota, a Renner afirmou que demitiu a funcionária.

O que você está lendo é ['Não imaginamos que vai acontecer com a gente', diz jovem negra acusada de furto em shopping no RJ].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.

Wonderful comments

    Login You can publish only after logging in...