Conab faz esforço ‘hercúleo’ para melhorar dados de safra
A revisão das estatísticas apontou uma produção adicional de 15 milhões de toneladas nas últimas sete safras, com mais de 80% desse montante concentrado nas últimas três safras (Imagem: Reuters/Roberto Samora)
O 💥️Brasil, a superpotência agrícola que lidera a produção de 💥️soja, 💥️café e 💥️açúcar, está trabalhando para reforçar a confiança dos traders na precisão de seus dados de safra.
A agência de agricultura estatal 💥️Conab começou a revisar estatísticas de produção, oferta e demanda em várias safras sob seu novo presidente, Guilherme Soria Bastos, que assumiu o comando da agência no início do ano. O primeiro passo foi avaliar os números da soja.
“Em 2023, percebemos que os números de oferta e demanda não fechavam”, disse Bastos, que era diretor da Conab na época, em entrevista. “Fizemos um esforço hercúleo para entender onde precisávamos ajustar ou melhorar os dados. Um trabalho com tanta precisão nunca foi feito no Brasil antes.”
A revisão das estatísticas apontou uma produção adicional de 15 milhões de toneladas nas últimas sete safras, com mais de 80% desse montante concentrado nas últimas três safras. A agência disse em agosto, que uma revisão de dados desde 2013-14 mostrou o volume extra depois que uma grande lacuna entre suprimentos e estoques foi identificada em 2017-18.
Crop tour
Para melhorar a precisão dos números futuros, a Conab mudou a metodologia de suas estimativas de produção com novas ferramentas. Para a estimativa da área plantada, a Conab aprimorou o uso de imagens de satélite, refinando os resultados com imagens em alta definição para corrigir possíveis erros.
Para obter números de produtividade mais precisos, a agência agora realiza um tour pelas fazendas, com a contagem de pés por metro, de vagens e de grãos por vagem. Antes do primeiro crop tour, no ano passado, a Conab contava com informações de agências agrícolas locais, cooperativas, produtores e tradings.
“Agora estamos confortáveis com nossos números de produção”, disse Bastos, acrescentando que alguns ajustes ainda são necessários nos números de oferta e demanda. “Pode ser que tenhamos alguns problemas nos números de esmagamento de soja.”
A Conab suspendeu a divulgação de estimativas de oferta e demanda da soja em dezembro, quando o último balanço foi divulgado. Bastos ainda não tem data de publicação dos números, pois a revisão está em andamento e depende de informações de agentes de mercado, como as indústrias processadoras de soja.
Mas a agência vai começar a distribuir um relatório semanal com informações sobre o andamento da semeadura e da colheita de safras como soja, milho e algodão.
“É ótimo ter uma nova metodologia para estimar a produção. Quanto mais a Conab puder ir a campo, usar mais satélites e cruzar as informações com entrevistas, melhor”, diz Daniele Siqueira, analista da consultoria AgRural. “Mas a Conab está com um problema sério frente ao público estrangeiro que é a ausência do quadro de oferta e demanda de soja.
É normal que a Conab revise seus números, mas eles tinham de ser divulgados. Continuamos no escuro e a Conab precisa resolver isso.”
A Conab também firmou parcerias com universidades e institutos de pesquisa para continuar aprimorando o uso de imagens e tecnologias de satélite. Uma interação mais próxima com a equipe do USDA também está em andamento desde o início deste ano, disse Bastos, que trabalhou como diretor comercial da Multigrain e da Agroconsult, consultoria considerada referência em previsões de safra.
No caso do café, os ajustes já foram feitos na área plantada, enquanto o foco agora é atingir a precisão dos dados de produção. A mudança de metodologia seguirá os mesmos passos da soja, como revisar dados fornecidos pelas fontes e fazer um tour de safra no qual técnicos da Conab vão verificar as condições da planta no local, disse Bastos.
Os tours, com início previsto para 2023, podem ser realizados duas vezes ao ano, conforme os grãos estiverem crescendo e no pico da colheita.
A agência também definirá pela primeira vez uma estimativa de oferta e demanda de café como forma de melhorar a precisão dos dados de produção.
“Temos que pegar todos os números, da produção ao consumo interno e exportação, e pressioná-los para verificar a consistência”, disse Bastos. Ele espera que a nova metodologia de produção de café leve até dois anos para ser totalmente calibrada.
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