Multifacetada, Marília Pêra deixou seu legado

A artista atravessou pelo menos cinco décadas de ininterrupta atividade | Foto: Ana Paula Magliari/ TV Brasil

Diversas personalidades marcaram as artes cênicas no Brasil ao longo dos anos, e algumas se foram e deixaram um legado. Uma delas, Marília Pêra, completaria 80 anos neste domingo (22) e sua obra não poderia deixar de ser homenageada. O site itaucultural.org.br preparou um conteúdo especial que traz um panorama dos mais de 60 anos de carreira da atriz, bailarina, cantora, diretora, coreógrafa e produtora, além de trazer ao público o olhar de Nina Morena, uma de suas filhas, sobre o impacto da mãe na arte brasileira e na sua carreira.

Vítima de câncer de pulmão em 2015, Marília Pêra era filha dos atores Manuel Pêra e Dinorah Marzullo, o que explica ter começado no teatro aos quatro anos, na companhia de Henriette Morineau, Os Artistas Unidos, na qual trabalhavam seus pais. Quando jovem, dos 14 aos 21 anos, fez carreira como bailarina, participando de musicais e revistas, como ‘Minha Querida Lady’, protagonizado por Bibi Ferreira, em 1962; e ‘O Teu Cabelo Não Nega’, biografia de Lamartine Babo, em que ela faz sua primeira interpretação de Carmem Miranda, em 1963.

Desde muito nova a artista se entregou para o mundo das artes e se destacou com uma cariosa gloriosa, fator que acabou levando sua filha para o mesmo caminho.  “Eu gostava de ver minha mãe em cena, desenhava toda a peça. Minha mãe guardou esses desenhos até o fim”, revela Nina Morena. “Ela é parte integral das minhas referências, da minha criação, essa coisa da versatilidade que ela tinha e que eu levo para minha vida de atriz”, complementa ela, na conversa com a equipe do site do Itaú Cultural. 

Em 2002, Nina teve a oportunidade de atuar com sua mãe em ‘A filha da…’, na qual interpretaram mãe e filha. Segundo Nina, foi difícil e incrível ao mesmo tempo. “Foi difícil – como acho que é difícil trabalhar com qualquer monstro; fico um pouco intimidada. É um outro nível. E foi incrível porque eu aprendi muito”, lembra. A atriz recorda, ainda, a experiência: “Me desconcentrei muito também vendo ela trabalhando, porque ela era muito engraçada. Ela fazia uma mãe completamente louca e eu tinha ataques de riso. Ela ficava brava comigo”, explica.

Em mais de seis décadas de trabalho, Marília atuou em dezenas de espetáculos, filmes e novelas. Foi agraciada com mais de 40 premiações, entre elas três Prêmios Moliére de Teatro, seis Prêmios da Associação Paulista de Críticos de Arte, prêmios no Festival de Cinema de Gramado, Festival Internacional de Cinema de Cartagena, Festival Internacional de Cinema de Havana e as premiações estadounidenses New York Film Critics Circle Awards, National Society of Film Critics Awards e Boston Society of Film Critics Awards. Ainda, como cantora lançou cinco álbuns.

A artista atravessou pelo menos cinco décadas de ininterrupta atividade, muitas vezes reunindo em um mesmo espetáculo diversas funções. Com um leque amplo de personagens e gêneros, seu vínculo com a cena não variava segundo qualquer tendência, moda ou momento histórico. “A minha mãe foi um cometa, desde o começo até o fim, de conquistas e intensidade, de arranques. Muita garra, coragem e gana de fazer, de fazer o nome dela, o talento dela caber, de explorar todas as camadas”, finaliza Nina.

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