COP29: UE preocupada com recuo na negociações sobre financiamento do clima
A União Europeia (UE) mostrou-se hoje preocupada com o recuo nas negociações sobre o financiamento do clima na COP29, em Baku, depois de terem sido retomadas conversações sobre um texto que ainda reflete posições antagónicas.
“Estamos muito preocupados” com este recuo após um ano de negociações preliminares, disse Jacob Werksman, negociador principal da União Europeia, em conferência de imprensa.
Na quarta-feira surgiram duas versões sucessivas do projeto de acordo, com textos muito longos que reabriram múltiplas opções.
Um primeiro projeto, elaborado antes da COP29 (a 29.ª reunião da ONU sobre o clima) pelo Egito e pela Austrália, foi rejeitado na terça-feira pelos países em desenvolvimento, que concordaram unanimemente que era demasiado favorável aos países ricos.
“Claramente ainda estamos longe de chegar a um acordo”, mas “a UE continua confiante de que conseguiremos concluir os trabalhos a tempo’, sublinhou Jacob Werksman.
“É a quinta-feira da primeira semana”, relativizou Jennifer Morgan, a enviada alemã para o clima e veterana das COP, sublinhando a natureza habitual das negociações técnicas antes de os ministros subirem ao palco na próxima semana.
Este ano, a COP29 (de 11 a 22 de novembro) deverá ser concluída com um novo objetivo de financiamento para os países em desenvolvimento (“Novo Objetivo Coletivo Quantificado” ou NCQG), para os ajudar a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa e a adaptarem-se às alterações climáticas.
O novo objetivo substituirá, a partir de 2025, o que obrigava os países ricos a conceder 100 mil milhões de dólares de financiamento por ano aos países em desenvolvimento.
Os países em desenvolvimento pedem que o objetivo seja multiplicado por mais de dez, para 1.300 mil milhões, valor essencialmente da responsabilidade dos países ricos.
“É evidente que tal montante não pode provir essencialmente de fundos públicos”, reiterou Jennifer Morgan numa conferência de imprensa.
Jennifer Morgan reiterou o apelo para que “o investimento privado seja convidado a sentar-se à mesa” e para a “nova abordagem ao financiamento do clima” defendida pelos países ricos: uma “cebola” de várias camadas, com a sua ajuda pública no centro, que deverá mobilizar o setor privado e as finanças nacionais de outros países, com a ajuda de novos impostos globais.
Os países desenvolvidos insistem em que os países ricos emergentes contribuam.
Na terça-feira, a China enviou um sinal de boa vontade, falando publicamente pela primeira vez sobre os seus “investimentos em ações climáticas noutros países em desenvolvimento”.
“Este é um pequeno passo importante”, salientou Jennifer Morgan, acrescentando que ‘mostra que a China já pode fazer muito e já está a fazer muito’.
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