Refugiada do Congo relembra fuga e recomeço ao sabor do acolhedor pondu
Trata-se de uma carreira de sucesso inesperada, que ela descobriu por acaso — bastou começar a contar, em público, todos os capítulos que a fizeram fugir de Kinshasa, capital da República Democrática do Congo, e a trouxeram até São Paulo na condição de refugiada.
Para entender melhor a carga dramática da vida de Prudence é preciso voltar muitos anos atrás. Sem a presença da mãe, que abandonou a família pouco depois do parto, a menina foi criada desde os dois meses de idade pela tia paterna, uma belga a quem ela se habituou a chamar de mãe.
O pai, comerciante, e o avô, juiz de direito, tinham a política no sangue e eram intensamente engajados nas causas sociais, DNA que Prudence levou adiante. Linda, já trabalhava como modelo aos 16 anos, carreira que posteriormente passou a conciliar com o expediente no escritório de uma repartição pública. Ser atriz era seu sonho.
Seus coloridos turbantes africanos tornam suas aparições públicas ainda mais impactantes. Mas falta realizar um projeto — conquistar uma casa espaçosa, onde a prole numerosa possa viver com mais conforto.
💥️Prato de conforto
Por enquanto, Prudence, filhos e neta (outra neta está a caminho) dividem uma casa de um único dormitório na Zona Leste paulistana. A falta de espaço, contudo, não a impede de recriar, ao redor da mesa, o ambiente familiar acolhedor que ela conheceu na infância, sobretudo nos dias especiais, quando o pondu é o prato do dia.
Prudencea filha Rozette Joella, sua neta Eloah e seu filho Joel Julio
A filharada adora a refeição congolesa. "É como perguntar a uma criança brasileira se gosta de feijoada", Prudence compara.
Ela continua a sonhar alto. Quer que todos morem com mais dignidade e planeja devolver à sociedade toda a ajuda que tem recebido. Mas ao ver filhos e neta sentados comendo, revivendo o laço de afeto que serviu de base para sua construção como mulher, ela suspira.
✅Queria que minha mãe visse quem eu me tornei hoje."
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