Você tem nojo de quê? Sopa de cobra de Hong Kong expõe preconceitos à mesa
E isso não é nojento: é uma questão cultural, um valor constituído por hábitos (muitas vezes milenares) de ingestão de algum alimento por condições geográficas, históricas e religiosas — ou de acesso, na maioria das vezes.
Os mexicanos se deliciam com um fungo levemente doce que contamina as plantações de milho nas épocas de chuva. É uma iguaria por lá. Os indígenas amazônicos comem os viscosos e pequenos mojojoys, como são conhecidas as larvas escondidas por besouros nos caules de palmeiras da floresta.
Saindo do fogo: as sopas de cobra que provei em Hong Kong
Entendo a consternação de alguns com o prato — principalmente dos que sofrem de ofidiofobia. Mas não consigo assimilar o julgamento preconceituoso aos chineses por seguirem uma tradição em risco.
Isso porque os se gang estão se tornando mais raros com as exigências para se ter um estabelecimento assim: não só no preparo da sopa, mas também no manejo de serpentes, inclusive as peçonhentas.
Talvez haja razões ambientais ou de saúde (no caso de animais sem controle sanitário) que podem ser levantadas por profissionais sobre o consumo de répteis na alimentação, como aliás já acontece em alguns grupos na China.
✅Mas não posso crer que haja qualquer razão para que um leigo se sinta capaz de julgar uma população somente pelo fato de aquilo que ela consome ser radicalmente diferente daquilo que se convencionou comer em sua própria casa.
A gastronomia, na sua essência, deveria ser uma porta de entrada para se conhecer outras culturas, um atalho rápido para se aprofundar em realidades ou lugares diferentes daqueles em que vivemos.
O preconceito elevado à xenofobia à mesa é o pior veneno para o papel que a comida poderia ter na nossa sociedade. E, para a ignorância, infelizmente ainda não existem antídotos.
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