Veto ao uso de muletas revolta torcedor amputado do Corinthians: "Fui humilhado"
Assistir a jogos do 💥️Corinthians nos estádios é uma rotina na vida de Milton Fiani de Pina, mas se tornou um transtorno quando foi impedido de entrar com suas muletas no duelo contra a Inter de Limeira, no Estádio Major Levy Sobrinho, no último sábado - os times empataram por 0 a 0, pela terceira rodada do Paulistão.
Milton, integrante da torcida uniformizada Gaviões da Fiel, teve a perna direita amputada há 10 anos depois de sofrer um acidente de moto e precisa das muletas para locomoção.
- Eu sei que entrar num estádio é normal de muletas. Viajo o país inteiro e para fora também.Todas as caravanas que tiveram do Corinthians eu fui e ainda pretendo ir. Eu fui usurpado do meu direito. Futebol é inclusão ou exclusão? - declarou.
Segundo ele, agentes da Polícia Militar justificaram o veto porque as muletas poderiam ser usadas como "arma" e que ele teria condição entrar no estádio sem elas.
- Ele estava alegando que podia ser usada para brigar entre a própria torcida, sendo que ele estava me colocando em perigo querendo me jogar no setor PCD (pessoa com deficiência) da torcida mandante. Não tinha setor PCD visitante igual na Arena. Fiquei sabendo que falaram que me cederam um camarote, mas não foi nada disso.
Milton conseguiu acessar a torcida visitante no segundo tempo da partida e se surpreendeu ao encontrar outro torcedor amputado, mas com muletas 💥️(foto).
1 de 2 Milton (esquerda) entrou sem as muletas e encontrou outro torcedor (direita) que teve acesso liberado com o objeto — Foto: Arquivo PessoalMilton (esquerda) entrou sem as muletas e encontrou outro torcedor (direita) que teve acesso liberado com o objeto — Foto: Arquivo Pessoal
Diante da situação, ele gravou um vídeo que foi viralizou na nas redes sociais da torcida organizada.
Após o caso, Milton procurou ajuda legal e vai entrar com ações para não passar pela situação novamente, como afirma o advogado Marcos Gervatauskas
- A gente pretende mover um habeas corpus preventivo com pedido liminar para que ele tenha um salvo conduto e possa entrar nos estádios daqui para frente com a muleta, que na verdade é parte do corpo dele. Se vier alguém impedindo de acessar, ele tem como entrar por determinação judicial. Esse é o mais urgente, mas também estamos estudando uma ação de indenização para que sejam reparados esses danos que ele sofreu.
Outros torcedores também relataram dificuldades com a acessibilidade do Limeirão. Celso Guedes, também corintiano, disse que teve a sua bengala retida na revista policial.
Ele é morador de Mogi das Cruzes e foi assistir à partida acompanhado do filho Matheus, de 19 anos.
- Eu não sou cadeirante, mas tenho certa dificuldade para caminhar. A bengala é um grande apoio e evita que eu caia. Sem ela eu tinha que andar abraçado com o Matheus e fica agora todo o constrangimento. Mesmo com o apoio dele, caminhei com mais dificuldade do que se tivesse com a bengala. Precisei de ajuda para sentar e levantar da arquibancada - comentou Celso.
2 de 2 Celso ficou sem as muletas no jogo em Limeira (esquerda); Ele costuma ir com o filho Matheus em Itaquera (direita) — Foto: Arquivo PessoalCelso ficou sem as muletas no jogo em Limeira (esquerda); Ele costuma ir com o filho Matheus em Itaquera (direita) — Foto: Arquivo Pessoal
O clube tem feito ações para promover a inclusão, destinando um setor exclusivo do estádio durante todo o Campeonato Paulista para autistas e pessoas com síndrome de Down, 💥️com entrada gratuita.
💥️* Ingrid Serafim e Júlia Ribeiro, estagiárias, colaboraram sob a supervisão de Heitor Esmeriz
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