Indústria automotiva vai “correr” para competir com europeus

O acordo entre os dois blocos econômicos foi assinado na semana passada e prevê a eliminação das tarifas de importação para 90% dos produtos comercializados entre os países sul-americanos e europeus (Imagem: Pixabay)

A indústria e o governo vão precisar “correr contra o tempo” para preparar o setor automotivo para o acordo comercial entre o 💥️Mercosul e a 💥️União Europeia (UE), avalia o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (💥️Anfavea), Luiz Carlos Moraes. Segundo ele, é preciso melhorar a competitividade das montadoras instaladas no país para conseguir concorrer com os carros fabricados na Europa.

O acordo entre os dois blocos econômicos foi assinado na semana passada e prevê a eliminação das tarifas de importação para 90% dos produtos comercializados entre os países sul-americanos e europeus. Os termos ainda precisam ser ratificados pelos parlamentos dos signatários e, após essa etapa, a implementação das novas regras acontecerá gradualmente ao longo de 15 anos.

O presidente da Anfavea admitiu que há o risco dos carros da UE ganharem espaço no mercado brasileiro com a redução das tarifas de importação, que atualmente está em 35%. “É uma ameaça, sim. E a gente tem que atacar isso”, enfatizou Moraes na apresentação do balanço do setor. Para ele, é necessário uma reforma na área tributária, além de melhorar as condições burocráticas e logísticas para a indústria nacional.

Com essa melhoria de condições, Moraes acredita que há até a possibilidade dos veículos montados no Brasil conseguirem penetrar no mercado europeu. “Nós consideramos a hipótese firme de exportar”, afirmou. De acordo com ele, o planejamento de investimentos das empresas, que no setor automotivo é feito com horizonte de 7 anos, vai considerar o acordo como fator importante.

A busca por competitividade também deve melhorar os preços dentro do mercado brasileiro. “Nós estamos buscando a redução do custo de produção para exportar, mas isso vai ser aplicado para o consumidor brasileiro também”, ressaltou. “A indústria automobilística trabalha com escala, quanto maior a escala e as condições de exportar, você tem condições de reduzir o custo de produção do veículo e isso vai ser transferido para o consumidor”, acrescentou.

Previsões para 2023

Sobre as expectativas para este ano, o presidente da Anfavea destacou que o mercado apresentou uma melhora em relação ao ano passado, com o melhor mês de junho desde 2015. No entanto, a crise na Argentina, principal destino das exportações brasileiras está, segundo ele, dificultado uma expansão mais robusta do setor.

A produção de veículos teve um aumento de 2,8% no primeiro semestre do ano em relação ao mesmo período de 2018. Foram fabricadas 1,47 milhão de unidades, enquanto nos primeiros seis meses de 2018 a produção ficou em 1,43 milhão de veículos.

As exportações tiveram queda de 41,5% de janeiro a junho em comparação com o primeiro semestre de 2018. Foram vendidos para o exterior 221,9 mil veículos no período, contra 379 mil no ano passado. Em junho, a retração nas exportações foi de 37,9%, com a comercialização de 40,3 mil unidades.

Moraes acredita, entretanto, que o desempenho do segundo semestre poderá ser ainda melhor do que o do primeiro, mantendo a previsão de crescimento da Anfavea para a produção em 9% em relação a 2018.

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