Ppk da Gilette: Marca ofende toda sociedade com uma vagina de influencer

Mas já começamos errado, pois a marca vincula cuidados íntimos com depilação. O movimento feminista já batalhou muito para desvincular a ideia de beleza íntima, obrigação patriarcal por depilação dos corpos de identidade feminina, e empoderamento em busca do respeito ao mais que válido bordão "meu corpo, minhas regras".

Associar a depilação à limpeza é ainda um diálogo misógino e machista.

Para a comunidade LGBTQIAPN+, a marca atinge fortemente ao criar a conexão de genital com gênero. Uma das maiores lutas para que se consiga equidade e leis de proteção para as pessoas trans e travestis, é que se entenda que genital é uma coisa, e ela não determina de forma alguma o gênero dessa pessoa. Ou seja, temos homens trans com vulva, mulheres trans e travestis com pênis, e muitos outros corpos plurais.

Vincular a vulva - ou aqui a "ppk da Claudia" - à uma identidade feminina atravessa as pessoas com vulva que não são mulheres, e as deixa de fora do diálogo de cuidados íntimos. É excludente, desvalida as transmasculinidades e invisibiliza as nossas existências.

Se olharmos pelo lado das transfeminilidades, excluímos mulheres trans e travestis do diálogo sobre cuidado íntimo e beleza.
Quando falamos de pessoas intersexo então, aí elas realmente nem existem.

Nitidamente uma campanha que foi feito para mulheres cis, e ainda assim, conseguiu atingi-las negativamente também.

Como se não pudesse piorar, o nome da influenciadora virtual, "ppk", é um apelido para uma parte íntima do corpo de muitas pessoas. Porém, criar apelidos para partes íntimas gera um risco grande de crianças e adolescentes sofrerem abuso sexual. Muitas parentalidades, ainda com uma questão forte de tabu social em cima dessas palavras, evita dar o nome correto e ensinar os filhos sobre as partes íntimas e como protegê-las.

Ensinar os nomes corretos das outras partes do corpo conseguem comunicar quando algo não está bem. Crianças que sabem o nome correto de suas partes íntimas e que falam sobre isso com seus responsáveis, ficam menos vulneráveis a passarem por abusos sexuais, pois elas costumam saber com mais clareza quais partes do corpo podem ou não ser tocadas por outras pessoas.
Indiretamente, quantas crianças e adolescentes não acabam mais suscetíveis à pedofilia com a criação deste apelido e dessa campanha?

Com toda certeza essa hipótese nem foi considerada.

E se não fosse possível, a Gilette também conseguiu ofender os conservadores, que acharam a "ppk" ofensiva ao mostrar um órgão genital tido por eles como feminino, ou seja, impossíveis de serem exibidos em imagens e ações, pois não fazem parte de uma campanha que valoriza o homem cis em uma sociedade patriarcal.

Parabéns, Gilette, por unir o Brasil.

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