Couro ecológico realmente existe? Quais as alternativas?

Se no passado as roupas confeccionadas com tecido de origem animal eram uma das poucas opções do mercado, atualmente já existem opções de couro ecológico fabricado com insumos vegetais e tecnológicos.

Apesar de o termo ser amplamente utilizado pela indústria da moda, existem limitações para o emprego da palavra.

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De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), o couro é um "material oriundo exclusivamente da pele animal, curtida por qualquer processo constituído essencialmente de derme". Ou seja, conforme a Lei 4888/65, é proibido o uso da palavra, mesmo que modificada com prefixos ou sufixos, para denominar produtos de origem diferente.

"A Lei 4.888 de 1965 proíbe a utilização do termo 'couro' para materiais de origem não animal. Na prática? Acaba se tornando um termo de identificação do material e a qualidade do produto. Também se encontra no mercado o nome Corino para denominar este tipo de produto", explica a stylist brasileira Stephanie Wengerkiewicz.

O couro ecológico é bom para o meio ambiente?

Criado em 1950 pelo químico alemão Otto Bayer, o tecido foi desenvolvido como uma alternativa mais barata ao couro legítimo. A invenção utilizava como matéria-prima polímeros de poliuretano, eliminando a necessidade de explorar animais para confeccionar roupas. Apesar do corino sintético substituir os tecidos de origem animal, existem materiais que são prejudiciais à natureza.

Bolsas e acessórios podem ser fabricados com polipropileno, enquanto as roupas costumam adotar o polivinílico como matéria-prima. Ambos são derivados do petróleo, insumo poluente e não-renovável.

No entanto, entre as imitações de couro, já existem esforços para criar tecelagens mais sustentáveis. O couro ecológico pode ser fabricado a partir da borracha vegetal ou de fibras de frutas como abacaxi, maçã e uva, com opções de tecido vegano.

Wengerkiewicz ressalta que o tecido é um material com características externas similares ao natural, porém feitos de origem vegetal. "Seu processo de produção e decomposição é menos agressivo ao meio ambiente".

O couro legítimo também não é aliado da sustentabilidade

Apesar da alta durabilidade, o tecido fabricado a partir de pele animal pode gerar impactos negativos para o ecossistema.

Na fabricação das peças é utilizado o cromo, um metal pesado e considerado tóxico. Em temperatura ambiente, o produto é utilizado para pigmentar e dar brilho ao couro tradicional.

Já na fabricação de couro ecológico, contudo, são adotados materiais de base vegetal nesta etapa, como taninos, presentes nas uvas, e corantes à base de plantas.

O couro ecológico descasca?

A coordenadora de moda aponta que as principais diferenças entre os materiais estão no preço e na qualidade. "O couro sintético traz acessibilidade a um produto que o mesmo em animal custaria mais que o dobro do mesmo. Em contraponto tem durabilidade reduzida, com alguns poucos anos o material se desgasta sem possibilidade de reutilização. Ele também é sensível ao calor e não tão resistente", explica Wengerkiewicz.

Por ser mais sensível e com menor durabilidade, o couro ecológico descasca ao longo do tempo ao entrar em contato com atritos e espaços inadequados de conservação.

Para conservar o material por mais tempo é recomendado que ele seja limpo com um pano úmido, não passe por dobras no guarda-roupa (para evitar vincos) e que fique guardado em cabides largos. Dessa forma, o couro ecológico dura mais e faz valer o investimento na alternativa sustentável de moda vegana.

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