Porque é que comemos ovos e coelhos de chocolate na Páscoa? - Gastronomia Viagens
Ovos da Páscoa
Os ovos são, desde a antiguidade, um símbolo de “fertilidade”, de “renascimento” e de “começo”. Escrituras Hindus relatam que o mundo terá surgido a partir de um ovo e na mitologia Egípcia a ave fénix renasce das cinzas a partir de um ovo deixado por ela. Com o aparecimento do Cristianismo na Europa ocidental, a igreja adotou o ovo como símbolo da Ressurreição. Assim, de uma perspectiva cristã, os ovos da Páscoa representam a Ressurreição de Jesus Cristo.
A decoração dos ovos da Páscoa parece ser uma tradição que remonta ao século XIII. Uma explicação para este costume poderá ser o facto da igreja proibir à época o consumo de ovos durante a quaresma, pelo que as pessoas pintavam e decoravam os ovos durante o período de penitência e jejum e comiam-nos depois, como parte da celebração Pascal.
Em muitas culturas mantém-se o hábito de tingir e decorar os ovos da Páscoa. E porque as crianças, em particular, apreciam esta atividade, a tradição evoluiu para o costume de oferecer ovos da Páscoa como presente às crianças.
Nos séculos XVII e XVIII surgiu o fabrico de brinquedos em forma de ovo. Os vitorianos forravam os ovos com cartão, pelúcia e cetim e recheavam-nos de pequenos presentes para oferecer na Páscoa. Mas os derradeiros presentes em forma de ovo são, provavelmente, as fabulosas joias criadas pelo joelheiro Carl Fabergé para o Czar e Czarina russos durante o século XIX e que hoje são peças de museu.
Os ovos de chocolate surgiram na Europa no início do século XIX, particularmente na Alemanha e na França, originando uma nova forma de confeitaria artística. Atualmente, ovos de chocolate são vendidos em todo o mundo e são presença habitual nas decorações de primavera.
Coelho da Páscoa
A história do coelho da Páscoa tem algo em comum com os ovos, já que os coelhos são procriadores profícuos, geralmente dando à luz grandes ninhadas, são também símbolos antigos de “fertilidade” e “novas vidas”.
A origem do coelho da Páscoa remonta ao século XIII, na Alemanha pré-cristã, quando as pessoas oravam a vários deuses e deusas. Eostre ou Ostara era o nome da deusa da primavera, a estação do “renascimento” e da “renovação” e o seu símbolo era um coelho, devido às suas elevadas taxas de reprodução. Realizavam-se festividades em honra da deusa durante o equinócio vernal, que marca o início da primavera. Como, por norma, a celebração da Páscoa coincide com o princípio da primavera, no século XV quando o a igreja católica romana se tornou na religião dominante na Alemanha, esta misturou-se com os ritos e crenças pagãs já enraizados.
A primeira lenda relacionada com o coelho da Páscoa foi documentada nos anos de 1500 e em 1680 foi publicado o primeiro conto sobre um coelho que punha ovos e os escondia num jardim. Terão sido os emigrantes alemães que levaram essas lendas para os Estados Unidos no século XVIII, o que explica a tradição existente na América do Norte de fazer ninhos (agora substituídos por cestos decorados) nos quais os coelhos podem “pôr” os seus ovos.
Quem sabe se a razão pela qual tanto os ovos como os coelhos foram convertidos em guloseimas, não virá do facto de depois dos 40 dias da quaresma, durante os quais as pessoas são incentivadas a jejuar, se tornar necessário ingerir algumas calorias extra!
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