Fantasias sexuais: Saí do tédio pensando no meu professor de tênis
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Ana Canosa
Passou a semana com as cenas do sonho na cabeça, que ela conscientemente foi aumentando toda noite antes de dormir, um capítulo atrás do outro, torcendo para adormecer e continuar sonhando. Ao final de uma semana, já tinha quase uma minissérie em sua mente, produzida por seu desejo, que ela acionava toda vez que o cotidiano lhe impunha problemas a resolver, decisões a tomar, raiva, angústia ou tédio. Até a cólica menstrual melhorava, vejam só. Numa segunda-feira de manhã o tal professor mandou mensagem, dizendo que estava com a agenda aberta para novos alunos. "É um sinal", pensou ela animada. Recomeçou tudo: horários, dias e valores. Saiu correndo para comprar uma roupa de tenista que lhe caísse bem, lavar o tênis, pegar a raquete emprestada, cortar cabelo, fazer sobrancelha. Ao chegar no clube, 15 minutos antes, o coração parecia sair pela boca. Quando Marcelo se aproximou, ela ficou procurando o deus italiano dos seus sonhos. Embora risonho, o professor de tênis era alto e bem magro, um perfil que não a atraía. A aula foi bem mais difícil do que imaginava, além de nada sensual. Voltou para casa resignada, pois já não bastasse a realidade dura da vida, estava cheia de dores e ainda, por cima, teria que recriar outro conteúdo mental interessante a fim de garantir espaços luminosos na sua existência. Com Manuela foi mais fugaz —afinal, ela é uma millennial). Outro dia saiu para o escritório de Uber, sentou-se no banco do passageiro e, por um instante, fitou a nuca e os braços do motorista, todinhos tatuados. Tinha um dragão e uma série de desenhos tribais, a pele morena —"acho que é surfista"— ela devaneou. Sentiu o clitóris dar uma fisgadinha. "Devo estar no período fértil." Foram os cinco minutos mais desconectados da semana, um hiato na sua cabeça tão agitada. Chegou ao destino meio tonta. "Bom dia." "Pra você também." Saiu do carro perplexa com a própria capacidade de se sentir atraída sexualmente por um desconhecido assim, do nada, em plena quarta-feira, às oito da manhã. Resolveu dar R$ 5 de gorjeta e cinco estrelinhas. quando viu a foto do rapaz sem os óculos escuros, deu uma dor no coração. Preferiria não ter visto. Além disso, ele se chamava Rogério, o filho da puta do vizinho que batia na mulher. Impressionante como bons devaneios duram pouco.Sexoterapia: Fantasias são adivito para o prazer. Qual a sua?
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