HomeTiltArticleBig tech x Teles: 2025 terá briga bilionária pela expansão da internet02/12/20246 Sede da Anatel em Brasília Imagem: Divulgação✅💥️(Esta é a versão online da newsletter de Tilt enviada hoje. Quer receber a newsletter completa, apenas para inscritos, na semana que vem? Clique aqui e se cadastre)Por anos, as operadoras de telecomunicação reclamaram de uma conta que classificam como injusta: enquanto gastam bilhões ampliando e conservando a rede de banda larga, são outras empresas que usufruem de boa parte da capacidade de tráfego e ainda obtêm um bom faturamento com seus serviços pela internet.Essa é uma insatisfação mundial do setor, mas é no Brasil que ela está prestes a ser discutida de fato. A solução perseguida pelas teles é resumida por uma expressão: "fair share". Em resumo, significa obrigar as grandes consumidoras de internet a colaborar com os custos de expansão e manutenção da redePVCFla tira interesse do Inter em ajudar o PalmeirasCarolina BrígidoGoverno vê ocasião ideal para atacar privilégiosMilly LacombeFoi bonita a festa, pá, mas teve misoginia sim, senhorJamil ChadeHemisfério beira terremoto da extrema direitaA partir de 2025, a Anatel (Agência Nacional das Telecomunicações) conduzirá uma discussão que pode tirar o "fair share" do papel, o que deve mudar radicalmente quem paga a conta da ampliação da internet. O processo tem potencial explosivo, pois coloca em cantos opostos teles e as Big Tech, já que são elas as provedoras dos serviços gastões. E o mais curioso é o seguinte: tudo começou para barrar ligações abusivas de empresas de telemarketing.💥️O que rolouQualquer pessoa com uma linha telefônica já deve ter recebido uma delas. São ligações insistentes, duram poucos segundos e promovem algum produto ou serviço. Como são feitas por robôs, passaram a ser chamadas de "robocalls". A partir de 2022, a Anatel entrou em cena para coibi-las:A agência emitiu medidas cautelares para operadoras de telefonia fixa e móvel barrarem as chamadas telefônicas de usuários que façam "uso inadequado" do serviço de telefonia. Por incrível que pareça...... Está na LGT (Lei Geral de Telecomunicações), em seu artigo 4º, que é dever do usuário utilizar "adequadamente os serviços, equipamentos e redes de telecomunicações". Porém...... Como a legislação não fala o que seria "adequado", a agência fixou um limite para o aceitável: para empresas que fizerem 100 mil ligações por dia, não mais do que 85% de chamadas curtas (aquelas que duram poucos segundos). Só que...... Essa restrição não foi discutida tecnicamente, apenas imposta para acabar com os abusos --ou ao menos botar freio na farra, algo que contou com outros esforços, como a criação do prefixo 0303, obrigatório para telemarketing, e as multas --muitas e milionárias-- aplicadas aos infratores. Acontece que...... Para tirar o caráter transitório da medida, a agência começou ainda em 2024 a tomar subsídios sobre o que seria o "uso adequado" da rede. E...... A partir de 2025, será o momento de o conselho da Anatel estabelecer consulta pública em que empresas, especialistas e outras entidades darão seus pitacos. Mas...... Onde as Big Tech entram nisso? Por um lado, a LGT deixa claro que as plataformas conectadas não oferecem um serviço de telecomunicação, mas, sim, o chamado "serviço de valor adicionado". Por outro lado, isso não as deixa totalmente fora da supervisão da Anatel, porque...... A mesma LGT classifica esses provedores como "usuários do serviço de telecomunicações que lhe dá suporte, com os direitos e deveres inerentes a essa condição". Ou seja, eu e você somos tão usuários quanto Netflix e YouTube --aproveite, leitor, não serão tantas vezes na vida que estaremos no mesmo patamar dessas empresas bilionárias.... A aposta na agência é que as teles aproveitarão esse processo para opinar também sobre o que é "uso adequado" para consumo de banda larga, de modo a qualificar como "inadequado" o comportamento de Netflix, YouTube e companhia. E, a partir daí, sugerir reparações.💥️Por que é importanteA definição do "uso adequado" da rede é tão ampla que não passará apenas pelas "ligações de robô" ou pelos "serviços de valor adicionado" gastões. É possível que considere abusivo ainda o uso da rede para transmitir conteúdo pirata —alô, gatonet— ou casas de apostas que não estejam em acordo com as regras do governo federal. Além disso, o processo será longo. Deve tomar o ano todo até que o conselho diretor da Anatel chegue a alguma resolução.Continua após a publicidadeRelacionadasEUA querem retalhar Google, e desfecho é o pior pesadelo de Apple e MetaVaticano abraça IA e leva 'gêmeo digital' da Basílica de S.Pedro à internetVocê não deve, mas vai contar segredos ao 'círculo azul da IA' no WhatsAppDe todo modo, as teles entrarão no debate com dados sobre o comportamento do tráfego da rede. E eles mostram um quadro pouco favorável para as Big Tech. Segundo o Relatório Global de Fenômenos da Internet, divulgado pela Sandvine, o estado geral das coisas é o seguinte:Grandes serviços consomem 56,1% do tráfego global da internet (dados de 2022). Individualmente, estamos falando de...... Netflix (14,9%), YouTube (11,6%), Disney+ (4,5%), TikTok (3,9%), PSN (3%), Xbox Live (2,9%), Facebook (2,9%) e Amazon Prime Video (2,8%).Por outro lado, só no Brasil, as três maiores teles (Claro, TIM e Vivo) investiram R$ 21,87 bilhões na ampliação da rede somente em 2023.💥️Não é bem assimNo último Painel Telebrasil, evento organizado pela Conexis, que congrega as teles, o "fair share" foi assunto recorrente nas declarações dos executivos, inclusive na fala do presidente da organização, Christian Gerbara, também CEO da Vivo.Para representantes das Big Tech, discutir o assunto a sério, ainda que de forma remota, é quase que inviável. Na visão deles, não fossem os seus serviços oferecidos, os chamados "killer apps", os consumidores não veriam tanto valor assim na banda larga e talvez contratassem menos os pacotes de dados vendidos pelas teles.Continua após a publicidadeNewsletter Um boletim com as novidades e lançamentos da semana e um papo sobre novas tecnologias. Toda sexta.Quero receberNão estão errados. Quando vendiam minutos para chamadas telefônicas, as teles tinham um teto imposto pelas 24 horas do dia. Agora, o céu é o limite, que é empurrado para adiante a cada nova aplicação tecnológica. Não está claro se a inteligência artificial fez as pessoas gastarem mais dados. Mas é notório o salto no tráfego toda vez que uma plataforma de streaming passa a rodar vídeos em 4K. O raciocínio, no entanto, esconde providencialmente um detalhezinho: os tais serviços conectados seriam tão matadores assim se não fossem as infovias construídas pelas teles?Provavelmente, ninguém vai admitir, mas essa discussão também é sobre qual ala colhe os louros da internet e qual é mandada ir plantar batata quando algo dá errado. Afinal, que empresa você xinga quando o serviço de streaming deixa de carregar o último episódio da sua série favorita?ReportagemTexto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis. O que você está lendo é [Big tech x Teles: 2025 terá briga bilionária pela expansão da internet].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.Links
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