HomeTiltArticleEstamos fazendo cada vez menos sexo? Teste o nível do seu declínio erótico26/10/20248 Imagem: iStockHá vinte anos, escrevi um pequeno artigo sobre o declínio do erotismo no cinema brasileiro¹ a partir das observações do nosso grande crítico e estudioso Ismail Xavier, que apontava duas tendências dominantes no cinema brasileiro a partir dos anos 1960: uma voltada para a dramaturgia familiar, situações de classe e vida política; outra centrada nas paixões, no desejo e na sexualidade.Ao longo dos anos 1980 e 1990, esta segunda tendência tornou-se cada vez mais hegemônica. Em parte, por que houve um breve período conhecido como "desbunde", logo depois do fim da ditadura, em 1984, e a consciência da chegada da Aids, em 1986.Tínhamos Dzi Croquetes e Madame Satã na cena gay. Língua de Trapo, Joelho de Porco e o roquinho malicioso na música. Vale Tudo e a série de novelas inspiradas em Jorge Amado. No humor, era Pasquim, depois Planeta Diário, depois ainda Casseta e Planeta. Nos quadrinhos, Angeli, Laerte e Glauco. No teatro, Zé Celso Martinez.Julián FuksSobre a morte admirável e digna de um poetaPVCInformações e palpites da rodada do BrasileirãoNatália PortinariProposta sobre emendas não corrige o problemaDiogo CortizNova fase da IA: agentes tomam decisões por vocêNos anos 2000, esta tendência entrou em queda. O cinema começava a sua linhagem de super-heróis. Na vida real, os super-pop stars como Michel Jackson escasseavam. Falava-se muito em tribalização dos gostos com a ascensão da classe C e do culto das subcelebridades.O otimismo era gradualmente substituído pelas decepções com as novas tecnologias e a percepção de que a curva de crescimento seria mais lenta e longa. O terrorismo e a redefinição de preconceitos tomaram a frente da pauta moral.Do ponto de vista da sexualidade, ocorreu uma abertura muito maior para as práticas não heteronormativas e genitais. E as famílias se redefiniram grandemente com a abertura para a união e adoção homossexual.Neste momento, a sexualidade deixou de centrar-se exclusivamente no problema do prazer e começou a ser pensada e atravessada por questões de gênero, poder e reconhecimento.As emoções envenenadas, a prepotência e as pequenas tiranias substituem as grandes alegorias em torno da decadência familiar, da ambição e da resistência à autoridade constituída, tematicamente marcantes nos anos 80.Assim, a ascensão do ressentimento parece corresponder ao declínio do erotismo.Continua após a publicidadePoderíamos argumentar que a violência ressentida torna-se mais palatável que o erotismo pré-fabricado, e que a miséria vem a dar nova forma a nosso exotismo, agora aderente também ao universo urbano.Em 2010, escrevi uma outra coluna sugerindo que a sexualidade estava saindo de pauta, com a entrada de uma curiosa nova moralidade, por um lado mais aberta e tolerante, por outro lado, mais hipermoral e vigilante.Usei o exemplo das novas séries de animes, como Pokémon, como exemplo de narrativas onde o sexo fica apenas sugerido. Os tais quase-animais evoluíam, mas não por reprodução como encontro entre dois seres diferentes, mas pela aquisição de experiências, equipamentos e habilidades.Quando mencionei que era uma geração que tinha começado vendo Teletubbies, ou seja, bebês anamórficos em termos de gênero, muitos sentiram-se ofendidos. Mas, na verdade, começava ali um novo declínio do erotismo nacional, depois comprovado por muitas pesquisas quantitativas.Nos anos 2000 a 2010, a frequência sexual dos brasileiros variava, em média, de 2 a 3 vezes por semana. Mas, já em 2017, essa frequência caiu para 1,7 por semana, com a concentração da prática entre 25 a 34 anos.Cenário que piorou ainda mais durante a pandemia (2020-2021), atingindo a frequência sexual tanto de casais de longa duração quanto dos jovens adolescentes.Continua após a publicidadeNewsletter Um boletim com as novidades e lançamentos da semana e um papo sobre novas tecnologias. Toda sexta.Quero receberEstresse, confinamento e "familiaridade forçada" em conjunto com a ansiedade atmosférica com o "outro perigoso", gerada pela crise sanitária, ocasionaram uma espécie de curto-circuito erótico digno do Bubassauro.Aumento do uso de aplicativos de relacionamento, acesso facilitado a sexo virtual e a disseminação da pornografia digital parecem ter concorrido para a diminuição do sexo presencial.Contudo, o mais preocupante, do ponto de vista psicanalítico, não é tanto a frequência do comportamento, mas que o sexo tenha saído da "cabeça das pessoas".O mais expressivo vilão aqui não é a internet, nem os aplicativos, nem os vibradores, tipo coelhinho ou Charmander, mas o tempo mental excessivamente dispensando ao trabalho, seja ele trabalho formal, informal, doméstico ou em práticas de cuidado.Arrisquemos aqui uma lista de elementos anti-sexo, que serve como reflexão e "auto-teste" (a paixão enganadora da atual internet) para que o leitor avalie seu eventual declínio erótico:Excesso de ocupação mental com o trabalhoExcesso de dedicação ao entorno laboral (colunas que ensinam a ganhar tempo, métodos de agilização mental, disciplinas de auto-organização, técnicas de lista)Degradação ou rarefação de experiências como intimidade ou comunalidadeTerceirização da imaginação erótica para a vida dos outros (em modo Instagram, Big Brother, etc)Transformação do erotismo em agressividadeDegradação do erotismo em narcisismo (a causa e os suportes para gerar o desejo se sobrepõe ao desejo ele mesmo)Dessexualização dos gênerosPreguiça de colocar a camisinhaTemor das implicações sociais de uma transa (especialmente o medo sobre humano de broxar ou o comentário maledicente dos amigos no after).Continua após a publicidadeComo avaliar seu nível de degradação erótica:Some os pontos conforme os itens que você marcou na lista acimaSe você passou de 15 pontos, comece imediatamente um regime de engorda erótica.Se você tem menos de 10 pontos, considere diagnósticos como priapismo, satiríase ou ninfomania.Se você não consegue responder a um questionário tão vago e genérico, entenda: talvez você esteja no caminho certo. Vá em frente e desfrute!1. Dunker, Christian (2003) O Declínio do erotismo no cinema nacional. Interações v.8 n.16 São Paulo dez. 2003.OpiniãoTexto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do.O que você está lendo é [Estamos fazendo cada vez menos sexo? Teste o nível do seu declínio erótico].Se você quiser saber mais detalhes, leia outros artigos deste site.Links
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