O Pix vem aí para sepultar as tarifas de TED e DOC
Quem se lembra da Ana Paula Arósio em propaganda de empresa de telefonia? A atriz passou anos reclusa, mas voltou com força total nesta semana para promover uma novidade que ainda vai dar o que falar: o Pix. Três letrinhas que identificam a nova tecnologia de pagamentos do Banco Central. Por enquanto não quer dizer muita coisa, mas todo mundo estará falando disso até o fim do ano.
Pudera: será digital e de graça para pessoas físicas. Ele foi desenhado para sepultar de vez o TED e o DOC, aqueles métodos de pagamento que geralmente nos custam alguns reais, a depender da relação com banco. Não há motivos para não aderir. Agora as instituições começam a correr atrás dos consumidores. E é por isso que hoje eu trago uma boa e uma má notícia.
A boa notícia: mais barato, conveniente e inovador
Banco não costuma brincar em serviço. Se todos os maiores conglomerados financeiros estão na fila para usar o Pix, significa que será mais barato não somente para os consumidores, mas também para quem opera o sistema. O Banco Central vai cobrar dos bancos um centavo a cada dez transações Pix, enquanto as modalidades anteriores saíam a até sete centavos por operação. Nem se compara.
Ao mesmo tempo, será de graça para as pessoas físicas, bastando iniciar a operação diretamente no aplicativo do banco ou instituição de pagamento. Mais fácil do que fazer um DDD, diria Ana Paula no comercial televisivo. Cada cliente poderá associar o número de telefone a uma agência e conta, o CPF a outra agência e conta, o email a uma terceira agência e conta, e assim sucessivamente. Serão as chamadas chaves Pix. Não será preciso mais memorizar uma penca de números, pois um só identificador dará conta do recado.
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Futuro sistema de pagamentos do WhatsApp poderá se integrar ao Pix — Foto: Luciana Maline/TechTudo
Já as empresas e os profissionais autônomos precisarão se informar sobre os pacotes e tarifas que lhes serão oferecidos. A tendência é que barateie para todos.
A cena soará familiar para muita gente: um amigo liga no meio do sábado pedindo uma graninha emprestada e você até se compromete a liberar a bufunfa. No entanto, ao abrir o sistema do banco, percebe que só deve cair para ele na segunda-feira. Terrível, você se sente na Idade da Pedra.
O Pix digitalizará a vida dos brasileiros. O sistema opera 24 horas por dia, sete dias por semana. O chefão do setor responsável pela novidade, Carlos Eduardo Brandt, me contou que a maioria das operações deve ser concretizada em questão de dez segundos, se tanto.
O BC também sustenta que importantes sistemas antifraude estão embutidos na plataforma. Aqui vale a mesma orientação de quando abordei os pagamentos por aproximação: a instituição é responsável por checar o ocorrido e o usuário não pode ser responsabilizado pelos problemas.
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Operações Pix deverão ser iniciadas diretamente pelo app do banco do correntista — Foto: Divulgação/Banco Central
Se tudo der certo, o Pix abrirá caminho para digitalizar de vez os hábitos de consumo. Imagine chegar numa loja e realizar a compra ao apontar a câmera do celular para um QR Code. Será possível com a nova tecnologia. Os pagamentos iniciados por mensageiros como WhatsApp também poderão se aproveitar do Pix para que sejam rápidos, eficientes e simples de operar.
A má notícia: confusão neste comecinho
Nem todos os detalhes sobre o funcionamento do Pix estão claros para os jornalistas que cobrem o setor, então que dirá para os consumidores? Voltemos ao comercial da Ana Paula na televisão. Ele promove um produto financeiro chamado Santander SX. Ao ler as letras miúdas, o cliente descobre que se trata na verdade de um “programa de benefícios”. Ora, ora: o Pix deveria ser uma modalidade de pagamento. Então o que uma coisa tem a ver com a outra?
Eu fui atrás do banco para entender o que se passa. No entanto, o Santander prefere manter o mistério: diz que os detalhes do tal programa serão anunciados mais para frente. Como pode o cliente manifestar interesse num serviço cujos detalhes são desconhecidos? Este é o cerne da questão. Fontes no setor afirmam que, se bobear, nem mesmo o conglomerado espanhol sabe dos pormenores.
Fato é que as instituições participantes do Pix deverão oferecer transações e pagamentos independentemente de adesão a “programa de benefícios”. Tenha isto em mente caso o seu gerente te ligue convidando para fazer um cadastro.
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Pix estará em pleno funcionamento em 16 de novembro, segundo cronograma do BC — Foto: Artem Beliaikin/Pexels
Por sinal, o tal cadastro pode se tornar outra dor de cabeça. Empresas como o próprio Santander e o Banco Inter estão chamando os clientes para se cadastrarem no Pix. Na realidade, trata-se de um formulário prévio. O departamento de comunicação do BC explicou à coluna que as instituições bancárias até são responsáveis por gerar as chaves Pix, mas o aceite só poderá ser dado pelo consumidor em 5 de outubro.
Em outras palavras: qualquer coisa antes desta data não será oficial. Fique atento para não comprar gato por lebre. O cronograma atual estabelece que todo o sistema estará funcionando a pleno vapor em 16 de novembro. Caso você queira testar, eu me coloco à disposição para receber um dinheirinho na minha conta.
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