Oito afegãs tiveram de sair do país para continuar os estudos interrompidos à força:
Ao contrário das promessas e garantias iniciais, os talibãs voltaram às imposições que arrastam meninas e mulheres para dentro de casa, proibindo-as de estudar e trabalhar.
Wahida, Fatima, Fayeza, Tamana, Zainab, Maliha, Neda e Elaha são oito mulheres nascidas no Afeganistão, mas que tiveram de sair do país para continuar os estudos interrompidos à força. Faz um ano que aterraram em Lisboa. Estão a partilhar casa nos arredores de Lisboa.
Vivem com a ajuda de uma associação de portugueses que se chama Setare (palavra que, em português, significa estrela) e que foi criada precisamente com o objetivo de trazer o maior número possível de mulheres afegãs que tenham completado o secundário e não queiram parar de estudar.
Do grupo há três que são colegas no mestrado em urbanismo, na Universidade Lusófona. Depois do primeiro ano, Fayeza, Wahida e Zainab já sabem o tema que querem trabalhar na tese.
Há três anos, Tajala Abidi decidiu responder a um anúncio de uma empresa portuguesa que procurava uma engenheira civil afegã que quisesse deixar o país e trabalhar em Portugal.
Em 2023, os Estados Unidos da América estavam a sair do Afeganistão e os Talibãs a entrar. Depois de várias tentativas, Tajala conseguiu passar a fronteira terrestre para o Paquistão e daí vir para Portugal onde hoje ainda vive e trabalha.
Tajala Abidi foi a ponte principal para as oito mulheres interessadas em vir estudar para Portugal. Ajudou a tratar de toda a documentação necessária para que chegassem em segurança à capital portuguesa.
Luís Evangelista, professor universitário e fundador da associação Setare, explica que o projeto dura enquanto houver mulheres com o ensino secundário concluído que queiram continuar os estudos. Os talibãs não permitem que quem nasce mulher estude para lá dos 12 anos de idade.
Com 27 anos, Tamana veio para Portugal focada em terminar o mestrado em microbiologia, no Instituto Superior Técnico.
Quando falámos a primeira vez, há um ano, Tamana punha a possibilidade de voltar a viver no Afeganistão em breve. Hoje Tamana experimentou o trabalho em laboratórios também na Faculdade de Ciências, Universidade de Lisboa. Explica que no Afeganistão, o ensino universitário é mais teórico, que há laboratórios, mas menos apetrechados. E que, de qualquer forma, hoje os Talibãs não a deixariam sequer entrar numa faculdade.
Tamana já não vê no Afeganistão um caminho possível para quem, como ela, quer trabalhar na indústria alimentar.
A Grande Reportagem da SIC acompanhou os primeiros dias destas mulheres em Portugal e voltou a estar com elas um ano depois. Estão todas a estudar e algumas até já estagiaram uns meses em empresas.
São "Estrelas de Esperança" para outras mulheres que vivem num país onde estão impedidas de serem cidadãs com plenos direitos.
💥️Ficha Técnica:
💥️Jornalista: Catarina Neves
💥️Repórteres de Imagem: Filipe Ferreira, André Miguel e Carlos Rosa
💥️Editora de Imagem: Vanda Paixão
💥️Grafismo: Isabel Cruz, Tomás Alves, Rolando Arrifana e Rui Silva
💥️Produtora: Diana Matias
💥️Pós-Produção Vídeo: Gonçalo Carvoeiras
💥️Pós-Produção Áudio: Octaviano Rodrigues
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