Lideranças do PT de Minas trocam farpas públicas após resultado ruim em eleição municipal
O deputado federal e candidato derrotado à Prefeitura de Belo Horizonte, Rogério Correia (PT), tornou pública uma cisão entre duas alas do Partido dos Trabalhadores em Minas Gerais após as eleições municipais. Em carta publicada neste sábado (9), ele acusa Reginaldo Lopes (PT), também deputado federal e figura próxima ao presidente Lula, de "porta voz do mercado" e "PT de centro". As críticas evidenciam um mal-estar após a falta de apoio a Correia por parte de Lopes, que, ao contrário, flertou com a candidatura de Fuad Noman (PSD) desde a pré-campanha, ainda em 2023.
Na carta, Correia diz que seu colega de partido teria "relativizado" as "bandeiras e compromissos" do PT, enquanto "recebe aplausos da Fiemg, Fiesp e da fina flor do empresariado". Ele evocou a discussão, ainda inconclusa dentro do governo federal, sobre o pacote de cortes de gastos, acusando Lopes de propor "arrocho fiscal" ao querer "limitar as verbas de educação e saúde", e concluiu apelidando-o de "atrevido".
Questionado pela reportagem, a assessoria de Reginaldo Lopes se limitou a respondeu que ele "está muito ocupado com a luta pela redução da jornada de trabalho", em referência à PEC sobre o fim da jornada 6 por 1, proposta pela deputada federal Erika Hilton (PSOL). "Assim, está sem tempo de responder o seu colega Rogério Correia", conclui a nota.
Uma das principais lideranças do partido no Estado e recém reeleita prefeita de Contagem, Marília Campos (PT) tem defendido um diálogo maior com o centro e vocalizado críticas ao que chama de "identitarismo" no seu partido.
Procurado pela reportagem, o Diretório Estadual do PT em Minas Gerais respondeu que as rusgas "fazem parte da democracia interna do partido" e que "foi assim, com pensamentos divergentes e opiniões distintas, que o PT chegou a vencer 5 eleições nacionais e várias eleições a nível de estado e município".
Em relação ao balanço das eleições municipais deste ano, o diretório respondeu que "Minas foi o melhor desempenho do partido no País, ampliando de 27 para 35 prefeituras, ainda que não fosse o resultado que nós idealizamos", sem fazer referência ao resultado pífio na capital.
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