Afeganistão: Relator da ONU lamenta “passo atrás” com proibição de entrar no país & Executive Dige

O relator especial da ONU para os direitos humanos no Afeganistão considerou hoje que a decisão dos talibãs de o impedir de entrar no país é “um passo atrás” e “um sinal preocupante” sobre o seu compromisso nesta área.

“O anúncio público dos talibãs de que não me concederão mais acesso ao Afeganistão é um passo atrás e envia um sinal preocupante sobre o seu compromisso com as Nações Unidas e a comunidade internacional em matéria de direitos humanos”, disse Richard Bennet, num comunicado hoje divulgado.

Garantindo que continua empenhado no povo do Afeganistão, o perito independente nomeado pelas Nações Unidas exorta os talibãs a reverterem a sua decisão e sublinha a sua “vontade e disponibilidade” para se deslocar àquele país.

Bennet afirma que tem procurado sempre “estabelecer um diálogo transparente com as autoridades de facto”, numa referência aos talibãs, que tomaram o poder há três anos, após a saída das tropas dos Estados Unidos, que se encontravam no país há 20 anos.

O seu trabalho, acrescenta, envolve fazer uma “avaliação crítica” e “imparcial” da situação dos direitos humanos no Afeganistão e apresentar “recomendações concretas e práticas para melhorar a situação e oferecer assistência técnica”.

“Quando existem divergências de pontos de vista, o diálogo construtivo é a resposta”, salienta.

O seu trabalho, acrescenta, é feito “com base em normas e metodologias internacionalmente reconhecidas em matéria de direitos humanos e defendendo os mais elevados padrões de eficiência, competência e integridade”.

“Apesar deste anúncio, cuja substância me foi transmitida anteriormente, continuarei a dialogar com o povo do Afeganistão, tanto dentro como fora do país, bem como com outras partes interessadas relevantes, tendo em conta que não me desloco ao Afeganistão há mais de um ano. Continuarei também a documentar as violações e os abusos dos direitos humanos e a defender a introdução de melhorias”, afirmou Richard Bennet.

Na terça-feira, um meio de comunicação social afegão anunciou a proibição, citando um porta-voz do Governo do país.

Segundo os talibãs, Bennett foi proibido de entrar no país “porque foi nomeado para o Afeganistão para espalhar propaganda”.

Desde que regressaram ao poder, em agosto de 2023, os talibãs têm rejeitado sistematicamente as críticas da ONU e da comunidade internacional para com as suas políticas, assentes numa interpretação rígida da lei islâmica.

As mulheres, excluídas da educação e da vida pública, estão sujeitas ao que a ONU descreve como “apartheid de género”.

Os relatores especiais como Richard Bennett são especialistas independentes nomeados para missões pelo Conselho dos Direitos Humanos da ONU, com sede em Genebra.

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