O que o efeito Marçal e o efeito Milei têm em comum?

O "efeito Marçal" tem muito de "efeito Milei". Apelo jovem, símbolos de virilidade e gritos antissistema estão entre os elementos que pavimentaram a rápida ascensão política do argentino no ano passado, um movimento parecido com o que vive agora o candidato à Prefeitura de São Paulo.

Tanto lá como cá, até dois meses antes das eleições pensava-se que a disputa se daria entre as duas tradicionais forças de direita e esquerda que polarizavam o país. Uma terceira figura, a princípio resumida como excêntrica, já ameaçava bagunçar o cenário, mas poucos previam sua real dimensão.

Com exceção da internet.

Não era normal que um político postasse um vídeo e chegasse a milhões de interações, avaliavam há tempos os jovens que monetizavam com a viralização dos conteúdos de Javier Milei —marca que Pablo Marçal (PRTB) atinge frequentemente, com um número de seguidores que ultrapassava a população paulistana até a Justiça Eleitoral determinar a suspensão de suas redes até o fim do pleito.

O grupo fiel ao argentino então desdenhava✅ das pesquisas eleitorais e dos meios de comunicação ditos tradicionais, que só perceberam o tamanho da coisa quando Milei ultrapassou os dois maiores grupos políticos nas eleições primárias. Em São Paulo, Marçal empatou com eles nesta semana, indica o Datafolha.

Também nascido no mundo privado, sem o respaldo de um grande partido, Milei vestiu naturalmente a carapuça de "outsider" (mesmo já sendo deputado federal a essa altura). Gritava contra o sistema com uma espontaneidade que combinava com seu currículo, como faz o brasileiro, separando-se dos adversários carimbados há anos na cena política.

A "economia da atenção", o anticomunismo e a linguagem da destruição são outros pontos partilhados pelos dois. No mesmo tom com que Milei agarrava uma marreta e destroçava uma maquete do Banco Central vestindo jaqueta de couro, Marçal promete desmontar "a verdadeira face do sistema" num longo vídeo sombrio.

Se o autodenominado ex-coach emplacou o boné e o "faz o M", Milei tinha seu próprio "L" de libertário e o cabelo de leão. O animal era um dos símbolos que se somavam a motosserras e luvas de boxe na construção da imagem de um candidato viril —um paralelo à medalha de "imbrochável" que Marçal recebeu de Jair Bolsonaro (PL) e exibe com orgulho.

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