Reverter câncer terminal é raro, mas há chance de prolongar a vida, diz médico

Receber o diagnóstico de um estágio terminal de câncer pode parecer uma sentença de morte. No entanto, reconhecer essa fase da doença facilita o planejamento adequado e garante um prolongamento de vida mais confortável e menos doloroso nos momentos finais.

Os indícios clínicos que levam a essa etapa incluem a presença de metástases em vários órgãos vitais, falha e insuficiência de múltiplos órgãos, perda significativa de peso e função física, além do esgotamento das opções de terapias efetivas.

Nessa fase, a expectativa de vida pode ser de meses, semanas ou horas.

"É uma condição em que a doença está em um estágio muito avançado, quando os tratamentos não conseguem mais controlar a progressão e não há mais possibilidade de cura", afirma o oncologista clínico Ricardo Caponero, membro do Comitê de Cuidados Paliativos e Suporte da SBOC (Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica).

Segundo Caponero, as chances de reversão de um paciente em estágio terminal de câncer são raras, mas é possível adquirir uma sobrevida considerável com os cuidados apropriados.

"A cura é improvável e quase um milagre, principalmente após a tentativa de vários tratamentos. Mas nada é impossível na medicina. Nessa fase, é importante lançar mão de cuidados para amenizar o sofrimento do paciente", diz.

Caponero afirma que os cuidados paliativos, usados para melhorar a qualidade de vida de pacientes com doenças graves, não se limitam ao tratamento de pacientes em fase terminal de câncer.

"Antes, esses cuidados eram o último passo na jornada do paciente. Isso mudou. Hoje, o ideal é incluir os cuidados paliativos junto ao tratamento oncológico padrão, desde o início, até mesmo em pacientes com alta probabilidade de cura", explica.

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Pesquisadores do Massachusetts General Hospital, em Boston, descobriram que pacientes com câncer de pulmão que receberam cuidados paliativos precoces apresentaram menos quadros de depressão, melhora na qualidade de vida e sobrevida de quase três meses. Os resultados foram publicados em 2010 pelo New England Journal of Medicine.

O que são cuidados paliativos?

O tratamento paliativo funciona em três frentes de cuidado.

A primeira tem foco no alívio da dor e no controle de sintomas, a segunda é orientada por uma comunicação direta e transparente sobre o quadro e expectativas do paciente. O terceiro pilar é o suporte à família.

O oncologista Audrey Cabral, coordenador da Comissão de Cuidados Paliativos da SBCO (Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica), afirma que o tratamento envolve uma abordagem multiprofissional para suporte emocional, físico, social e espiritual.

Enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, assistentes sociais e capelães (religiosos) fazem parte do processo.

"É um conjunto de práticas que coloca o paciente no centro do cuidado para controle dos sintomas e atendimento de demandas que apenas um profissional não abarca", afirma.

Não é de hoje que esse tratamento é discutido. No Reino Unido, desde 1987, a medicina paliativa é considerada uma especialidade médica.

No Brasil, a área passou a ser reconhecida pelo CFM (Conselho Regional de Medicina) 24 anos depois, em 2011, junto com a medicina do sono e a medicina tropical.

Em maio deste ano, o Ministério da Saúde lançou a Política Nacional de Cuidados Paliativos, que permite esse tipo de assistência no SUS (Sistema Único de Saúde). O investimento previsto é de R$ 887 milhões por ano.

Os eixos de tratamento incluem a criação de equipes multiprofissionais, a disseminação de informação sobre o assunto e a garantia de acesso a medicamentos necessários para os cuidados.

Segundo dados da OMS (Organização Mundial de Saúde) apresentados pela pasta, 625 mil brasileiros precisam de cuidados paliativos —591.890 adultos e 33.894 crianças.

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