Kamala diz que Trump não é sério e que republicanos estão fora de si

No mais aguardado momento dos quatro dias de convenção democrata, Kamala Harris fez um discurso patriótico ao aceitar oficialmente a nomeação de seu partido como candidata à Presidência. A democrata falou que vai lutar pela classe média e pelas liberdades individuais como lutou contra injustiças durante sua carreira de procuradora e levar os Estados Unidos em direção ao futuro.

Como esperado, Kamala também atacou o oponente, Donald Trump. Disse que ele "não é um homem sério" e que ele não cobraria responsabilidade de autocratas pelo mundo porque "ele mesmo quer ser um autocrata".

O discurso cumpriu a função de simplificar a corrida em duas oposições: classe média vs. bilionários, e futuro vs. passado.

"Nós somos os herdeiros da maior democracia da história do planeta. Em nome dos nossos filhos e netos, e de todos que se sacrificaram pela nossa liberdade, nós devemos estar a altura desse momento", disse, emocionada, na noite desta quinta-feira (22).

"É nossa vez de fazer o que gerações antes de nós fizeram: se guiaram por otimismo e fé para lutar por esse país que amamos, pelos ideais que nós acreditamos, a grande responsabilidade que vem com o maior privilégio do mundo: o privilégio e o orgulho de ser americano."

Ao subir no palco, Kamala foi ovacionada por quase cinco minutos pela plateia que gritava seu nome. Começou desejando feliz aniversário de casamento ao marido, Douglas Emhoff, e agradecendo a Joe Biden: "Joe, seu histórico é extraordinário, como a história mostrará, e seu caráter é inspirador". Como esperado, contou a história de sua família, de pai jamaicano e mãe indiana, que a criou junto com a irmã, Maya, depois de o casal se separar.

Na mesma linha do apelo à união feito por Michelle e Barack Obama na terça, a vice-presidente afirmou que a eleição é uma oportunidade para superar a amargura, o cinismo e as batalhas divisivas do passado, e uma chance para traçar um novo caminho à frente "não como membros de um partido ou facção".

Kamala disse aceitar sua nomeação como candidata do Partido Democrata à Presidência dos EUA "em nome do povo, em nome de todos os americanos, independentemente de gênero, raça, ou que língua sua avó fala, em nome de todos que trilharam sua jornada inesperada, em nome de americanos que trabalham duro e cuidam uns dos outros, em nome de todos cuja história só poderia ser escrita no maior país da Terra".

Com voz embargada, ela disse que foi subestimada em muitos momentos, mas que nunca desistiu, porque "sempre vale a pena lutar pelo futuro, e estamos numa luta assim: pelo futuro dos EUA". Em nenhum momento ela fez referência direita ao fato de ser mulher ou uma pessoa não branca.

"De muitas maneiras, Donald Trump não é uma pessoa séria", disse, na primeira menção ao adversário. "Ele tentou jogar seus votos fora. Quando não conseguiu, enviou uma multidão armada para o Capitólio, onde eles atacaram policiais. Quando políticos de seu próprio partido imploraram que ele chamasse de volta a multidão e enviasse ajuda, ele fez o contrário: ele os incitou."

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Kamala buscou dar respostas às principais fragilidades de sua campanha: economia, imigração e o conflito em Gaza —nesse último caso, menos um problema eleitoral do que uma tensão com uma parte de sua própria base democrata.

Num dos momentos em que foi mais aplaudida ao longo do discurso de 40 minutos, Kamala disse trabalhar com Biden para que a guerra em Gaza acabe "de forma que Israel tenha segurança, os reféns sejam libertados (...) e o povo palestino possa conquistar seu direito à dignidade, segurança, liberdade e autodeterminação".

"Estamos traçando um novo caminho à frente para um futuro com uma classe média forte e em expansão, e construi-la vai ser um objetivo central da minha Presidência", disse. "Eu venho da classe média. Minha mãe tinha um orçamento rígido."

"Ela esperava que a gente aproveitasse ao máximo as oportunidades que tínhamos. Ela nos ensinou que as oportunidades não existem para todos. Por isso vou criar uma economia da oportunidade, onde todos terão uma chance de competir e ser bem-sucedido", completou, em um dos momentos mais aplaudidos do discurso.

Em um tom resoluto, Kamala também disse que se recusa "a fazer politicagem com a segurança nacional", em referência à intervenção de Trump para derrubar um acordo bipartidário para uma nova política migratória. Kamala prometeu que, se eleita, irá ressuscitar o projeto e transformá-lo em lei —algo que deve desagradar nomes mais à esquerda do partido, que fizeram duras críticas ao texto na época.

Outro ponto abordado foi a defesa de liberdades, algo que a campanha tenta mostrar sob ameaça com Trump, especialmente os direitos reprodutivos. "Ele [Trump] e seus aliados vão limitar acesso a métodos contraceptivos, instituir uma proibição nacional ao aborto e um comitê para obrigar estados a denunciar abortos espontâneos. Falando claramente: eles perderam a cabeça!"

Muitas outras liberdades estão em jogo nesta eleição, disse Kamala, citando a liberdade de votar, de viver em um ambiente adequado, de ter relacionamentos homoafetivos e de se sentir seguro contra a violência por arma de fogo.

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