Rota de aviões de Congonhas é alterada, e Ibirapuera passa a sofrer com ruído

O publicitário Walter Costa, 60, conta que caminhava pelo Ibirapuera em dezembro de 2023 quando levou um susto ao ver um avião "rasante" fazendo uma curva em cima do parque da zona sul de São Paulo. Era a primeira de uma sequência de aeronaves com a mesma manobra observada por ele naquele dia, e assim segue até hoje, afirma.

Uma mudança implantada meses antes na rota dos aviões que decolam do aeroporto de Congonhas, também na zona sul paulistana, dissipou as aeronaves para bairros onde não incomodava o barulho dos motores em força máxima para levantar voo.

O Relatório Anual de Ruído de 2023, publicado no último mês de março pela Aena, empresa espanhola que assumiu a gestão do aeroporto em outubro do ano passado, aponta estatísticas de queixas no Ibirapuera, bairro fora das curvas de ruído especificadas no PEZR (Plano Específico de Zoneamento de Ruído) de Congonhas.

A mesma região faz parte de um mapa de calor citado em relatório semelhante, de 2022, produzido pela estatal Infraero, responsável por Congonhas até a concessão.

A mudança de rota é uma reorganização do espaço aéreo adotada pelo Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo) para minimizar exatamente o transtorno do barulho e proporcionar economia de combustível e menos poluição, entre outros.

De acordo com o órgão da FAB (Força Aérea Brasileira), o projeto —chamado TMA-SP NEO— de reorganização e otimização da estrutura de rotas do espaço aéreo sobre a região metropolitana de São Paulo vem sendo implantado desde 2023.

O TMA (do inglês "terminal control area", ou área de controle terminal) diminuiu em 15,18% o nível de ruído provocado por aviões dentro das curvas, aponta o departamento militar. "No caso da faixa de ruído de 65 dB a 70 dB [decibéis], a redução foi maior, cerca de 20%", diz.

Só que começaram a surgir reclamações do barulho aeronáutico em regiões fora dessas curvas.

A migração do barulho das turbinas e hélices após a mudança para bairros como Itaim Bibi, Vila Nova Conceição —incluindo o parque Ibirapuera— e Paraíso foi citada por uma empresa contratada pela Infraero durante reunião de uma comissão de gerenciamento de ruído aeronáutico do aeroporto de Congonhas, em agosto de 2023.

" (...) percebe-se a nítida diferença entre as duas rotas, anterior e atual, as decolagens para oeste se alongaram, se aproximando mais do Butantã que do Morumbi, enquanto na área focal de estudo, sob as decolagens à direita, as rotas após TMA SP NEO recuaram e hoje estão sobre parte de Itaim Bibi e Vila Nova Conceição, bem como pq. Ibirapuera e Paraíso", diz transcrição de fala do funcionário da empresa, conforme ata da reunião.

Questionado se pretende fazer nova reorganização do espaço aéreo no entorno de Congonhas, o CRCEA-SE (Centro Regional de Controle do Espaço Aéreo Sudeste) afirma que faz a incorporação, quando viável, de procedimentos de redução de ruído nas cartas aeronáuticas.

O plano de ruído de Congonhas foi atualizado em 2022 pela Infraero, que diz ter elaborado o documento com base nas informações das novas rotas. Ele foi aprovado pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) e está em vigor.

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