Ave Sangria celebra 50 anos de clássico que aborreceu a ditadura com show em SP

Há 50 anos, a banda pernambucana Ave Sangria lançou seu primeiro álbum, autointitulado. Embebido numa lisergia artesanal, influenciado por Beatles e o Maio de 1968 e entremeado na herança cultural nordestina, o disco encapsulou a curta e intensa primeira encarnação do grupo, que acabou implodido após problemas com a ditadura militar.

Mas para o vocalista Marco Polo Guimarães, o álbum soa comportado perto do que a banda era no começo dos anos 1970. "Não ficou tão sujo como fazíamos no palco, como a gente queria. Ficou uma coisa burilada demais para o nosso gosto. A gente queria algo mais selvagem."

O Ave Sangria, que neste sábado (17) volta a se apresentar em São Paulo, na Casa Natura Musical, hoje vive uma espécie de renascimento. Há cerca de dez anos, graças à internet, o disco de 1974 foi redescoberto por uma juventude interessada por clássicos esquecidos da psicodelia brasileira, e provocou o retorno da banda.

Eles voltaram aos palcos de shows e festivais, gravaram um segundo álbum —"Vendavais", de 2023— e já preparam um terceiro. De certa forma, tentam recuperar o tempo que perderam a partir de 1975, quando a banda foi desfeita após ser censurada.

Quando "Ave Sangria" foi lançado, o grupo começou a despontar nas rádios com uma canção bem-humorada —uma espécie de samba levado numa guitarra saturada em que o eu lírico se declara a um dono de botequim.

"Seu Waldir" foi escrita por Marco Polo para ser interpretada por Marília Pêra numa peça, anos antes, quando em suas andanças, bem no estilo beatnik, passou pelo Rio de Janeiro. Na voz dele, e na visão da mulher de um militar importante do Recife, era uma música homossexual —e, portanto, deveria ser proibida.

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