México suspende negociações com Brasil e Colômbia sobre Venezuela

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, disse nesta terça-feira (13) que, ao menos por ora, não vai mais conversar com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e com seu homólogo da Colômbia, Gustavo Petro, sobre a crise política na Venezuela.

Assim, AMLO, como o mexicano é conhecido, coloca as negociações entre os países sobre a crise venezuelana em suspenso —o grupo reúne três das quatro maiores economias da América Latina e vinha tentando pressionar o regime de Nicolás Maduro a publicar as atas eleitorais que comprovariam a vitória do líder nas eleições do último dia 28.

Em uma das suas tradicionais entrevistas coletivas pelas manhãs no Palácio Nacional, a sede do Executivo do México, AMLO disse que é preciso esperar a resposta do TSJ (Tribunal Supremo de Justiça) da Venezuela, órgão máximo do Judiciário do país, sobre o resultado do pleito.

Maduro pediu à corte, controlada pelo chavismo, que certifique os resultados da eleição —o próprio México, em comunicado conjunto com Brasil e Colômbia, havia rejeitado essa manobra do ditador, insistindo na divulgação das atas eleitorais que o regime diz ter entregue ao TSJ.

O CNE (Conselho Nacional Eleitoral) da Venezuela proclamou Maduro vencedor do pleito, resultado imediatamente contestado pela oposição e por uma série de análises e relatórios de órgãos de imprensa e ONGs internacionais, que apontam vitória de Edmundo González. Até esta terça, o órgão eleitoral não havia publicado os documentos que discriminam os votos por mesa de votação.

A oposição, por sua vez, divulgou em um site o que diz serem as atas às quais teve acesso, e utilizou esses documentos para afirmar que González venceu Maduro com 67% dos votos, contra 30% do ditador. O Ministério Público da Venezuela abriu um inquérito contra os responsáveis pelo site sob a acusação de crimes como usurpação de função pública, fraude de documentos públicos e formação de quadrilha.

AMLO é presidente do México desde 2018 e, no dia primeiro de outubro, vai entregar o poder à sua sucessora e aliada política, Claudia Sheinbaum, que se tornará primeira mulher no cargo depois de ter sido eleita com cerca de 60% dos votos em junho.

Na segunda-feira (12), Sheinbaum não se comprometeu a continuar o diálogo sobre a crise na Venezuela. Falando à imprensa, a presidente eleita disse que o papel de mediação cabe a organizações internacionais, não ao México —sem citar a quais organizações se referia.

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Os Estados Unidos, que aplicam uma série de sanções econômicas contra a Venezuela, sinalizaram a intenção de deixar o protagonismo das negociações sobre a crise com os três países latino-americanos. No último dia 6, o Departamento de Estado havia dito que Washington incentivava o esforço dos três governos e que apoiaria qualquer forma de diálogo cunhada pelo trio junto à oposição e ao regime da Venezuela.

Nesta terça, a 💥️Folha mostrou que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) levantou, em reunião ministerial, a hipótese de convocar novas eleições na Venezuela como uma solução para a crise no país. Segundo relatos de participantes dessa reunião, o presidente brasileiro afirmou que o resultado das eleições não poderia ser aceito sem a prova de que elas foram limpas.

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