O Mal Não Existe é fábula ecológica sobre cordialidade cruel

"O Mal Não Existe" começa e termina na floresta, com a câmera mirando do chão o topo das árvores enquanto se desloca, sempre em linha reta. Uma cena simples, mas que cria um efeito hipnótico na fusão do vertical —do olhar— com o horizontal —do movimento.

A gente descobre no início que essa visão vem de uma menina, que procura naquela floresta pelo pai, um faz tudo. Mas ela não consegue evitar de olhar para cima, e o espectador entende rápido o porquê. Da cadeira do cinema, parece que vemos um rio no céu, com curso formado nas brechas dos galhos e folhagens daquelas árvores.

A imagem implica o equilíbrio natural das coisas, mas também vem acompanhada das notas soturnas da trilha sonora de Eiko Ishibashi. O filme está nos créditos iniciais e mal apresentou os seus personagens, mas já anuncia que algo à espreita. Só não se sabe o quê, nem o que quer.

O tema ecológico se manifesta como uma fábula. "O Mal Não Existe" acompanha as tensões de uma pequena comunidade nas montanhas japonesas com um empreendimento da metrópole. A simbiose entre homem e natureza do lugar está em risco pela construção de um acampamento de luxo.

Mas o culpado é mais soturno do que aparenta. Como o próprio título diz, o mal não existe na história, não pelos menos ao alcance do olhar.

Ryusuke Hamaguchi, o diretor do filme, é paciente com o mistério que propõe. Os primeiros 20 minutos servem como um prólogo estendido e acompanham a rotina daquela pequena família. O ritmo, calmo e minucioso, lembra o trabalho anterior do cineasta, o premiado "Drive My Car".

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