Ação de Castro em 16 comunidades do Rio é vista como enxuga gelo e irrita comerciantes

A ação do governo Cláudio Castro (PL) em 16 comunidades da zona oeste do Rio de Janeiro, região que é palco de disputas entre tráfico e milícia, completou uma semana na segunda-feira (22) com um saldo de 90 prisões e apreensões de drogas e armas. Moradores ouvidos pela reportagem, no entanto, relatam desconfiança quanto à efetividade da operação.

Batizada de Ordo (ordem), a operação conta com apoio da prefeitura, que tem atuado também na apreensão de material considerado irregular. Na Cidade de Deus, por exemplo, a administração municipal retirou estruturas não autorizadas de calçadas, o que gerou protestos na comunidade.

Após dois dias fechada, uma barbearia na rua Israel reabriu as portas na última sexta (19), dia em que a reportagem esteve na região. Agentes da prefeitura retiraram churrasqueira, toldo, mesa de sinuca e deque que ficavam na porta do local.

"Eles acabaram com o clima da favela. Aqui funciona das 8h às 22h, o pessoal vem para jogar um fliperama, beber. Não é só cortar o cabelo. Agora, é só prejuízo, porque as pessoas ficam com medo de ter alguma confusão", disse o barbeiro Pedro Hugo Soares de Oliveira, 24.

Pedro Hugo trabalha há três anos no local, que tem 19 cadeiras. A retirada da estrutura que ficava na calçada gerou protestos, e nas redes sociais foi alvo de crítica também do funkeiro MC Poze, que disse que desde criança corta o cabelo naquela barbearia.

A rua onde fica o estabelecimento é conhecida como localidade da 13. Com diversos comércios, à noite a rua vira uma área de lazer, com mesas, consumo de cerveja e funk. Por ali há um cartaz colado em uma parede, que não foi retirado pelos agentes, que diz: "Proibido fumar maconha nesse local. Assinado: Diretoria da 13".

A diretoria seria formada por traficantes do Comando Vermelho, segundo moradores, que não quiseram comentar a respeito. A presença do controle do tráfico no local foi observada pela reportagem pela movimentação de motoqueiros que se aproximaram para checar o crachá da repórter. Na sequência eles avisaram por rádio sobre a presença de jornalistas a um interlocutor, a que chamavam de pai.

Pai é uma gíria para uma pessoa mais velha ou um chefe na hierarquia. Em resposta, o interlocutor respondeu: "Está tranquilo. Fica atento que eles podem entrar a pé", citando uma possível incursão de policiais, que circulavam em veículos blindados.

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