Reorganização do espaço aéreo reduz ruído de aviões que operam em Congonhas, diz FAB

A reorganização do espaço aéreo reduziu nos últimos anos em 15,18% o nível de ruído provocado por aviões na região do aeroporto de Congonhas, na zona sul de São Paulo.

Os dados são da Infraero, estatal que era responsável pela gestão do aeroporto paulistano até outubro do ano passado —desde então o local é administrado pela concessionária Aena Brasil— e foram informados pelo Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo). Eles foram medidos em uma área chamada de curva de ruído.

"No caso da faixa de ruído de 65 dB a 70 dB [decibéis], a redução foi maior, cerca de 20%", diz o órgão militar ligado à FAB (Força Aérea Brasileira).

De acordo com o Decea, o projeto (chamado TMA-SP NEO) de reorganização e otimização da estrutura de rotas do espaço aéreo sobre a região metropolitana de São Paulo vem sendo implantado desde 2023.

TMA (do inglês "terminal control area", ou área de controle terminal) é situado geralmente na confluência de rotas e nas imediações de um ou mais aeródromos —no caso, a reorganização aérea paulista inclui os aeroportos de Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, Congonhas e Viracopos, em Campinas (a cerca de 80 km da capital).

Conforme o Decea, as aeronaves têm seguido rotas mais curtas e diretas para seus destinos, sobretudo quanto às aproximações, diminuindo o tempo de voo, o consumo de combustível e a emissão de gases poluentes. A reestruturação também prevê subidas contínuas até o nível de cruzeiro.

"Em Congonhas, o replanejamento das rotas de decolagem da pista 17 viabilizou a aplicação do conceito de subida contínua, gerando redução na emissão de gases poluentes e do ruído aeronáutico", diz o órgão militar.

Congonhas pode ter até 44 voos por hora, com uma média de 544 operações por dia durante a semana e 412 voos por dia aos finais de semana.

No caso de Guarulhos, o Decea afirma que a otimização do sequenciamento das aeronaves nas chegadas ao aeroporto internacional, especialmente nos momentos de alta demanda, reduziram as esperas e diminuíram as separações entre os voos.

Tecnicamente, diz, as aeronaves são direcionadas para um ponto em comum, chamado de "Point Merge" (ponto de convergência) e são, em seguida, sequenciadas para o pouso conforme as cartas de aproximação.

O ruído aeronáutico é uma das principais queixas de moradores de bairros próximos a Congonhas, como Moema, Vila Olímpia e Vila Nova Conceição.

Impactos ambientais, inclusive de poluição sonora, foram citados em uma ação judicial feita em 2022 por associações que tentaram barrar, sem sucesso, a concessão de Congonhas para a iniciativa privada.

Naquele ano, as reclamações haviam disparado —ao todo, ocorreram 1.262 queixas em 2022. Elas caíram para 395 em 2023 e, até junho passado, foram apenas 20 em 2024, segundo dados informados pela concessionária Aena.

Segundo a empresária Simone Boacnin, presidente da Associação Viva Moema, uma das entidades que foi à Justiça em 2022, o barulho provocado pelo aeroporto está longe de acabar.

"Curvas de ruído são instrumentos de planejamento que não levam em consideração a situação da poluição sonora total da cidade. O ruído não aeronáutico é tão importante para o diagnóstico quanto o dos aviões. Elas servem para orientar o poder municipal a melhorar o uso do solo no entorno de aeroportos", afirma.

"Apenas a medição de ruído em tempo real pode diagnosticar corretamente um local quanto à poluição sonora", diz Boacnin.

A empresária diz que o ruído continua sendo o impacto ambiental mais significativo da aviação civil. "Isso não vai mudar tão cedo, mesmo com aviões mais silenciosos", diz.

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