As redes sociais anonimizaram o ódio, diz Cármen Lúcia sobre ataques a candidatas
A presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Cármen Lúcia, disse temer que ataques feitos contra candidatas mulheres por meio das redes sociais dificultem ainda mais a participação feminina no pleito deste ano e, passado o ciclo eleitoral, desestimulem sua participação em disputas por cargos eletivos.
A ministra afirmou que o discurso de ódio dirigido a mulheres é "misógino, sexista, desmoralizante", atingindo não só a elas, mas também a pessoas próximas, e é mais agressivo do que quando tem um homem como destinatário.
"Corre o risco de ver uma diminuição de mulheres se candidatando nas [próximas] eleições. E por quê? Porque acharam outro jeito de limitar os direitos das mulheres", disse a presidente do TSE em debate realizado em Brasília, na noite de quarta-feira (28), após a exibição da peça "Prima Facie".
"Esses dias, uma senhora [eleita] no interior da Bahia, com 83% de avaliação positiva, me disse: 'Ministra, eu não vou me recandidatar'. 'Mas por quê?'. 'Minha filha tem 14 anos e há um ano e meio está morando com a avó em outra cidade porque não conseguia ir à escola e escutar as coisas que diziam contra mim'."
Cármen afirmou que a ofensiva aprisiona até mesmo mulheres esclarecidas que já superaram barreiras e criticou a instrumentalização de plataformas digitais para a promoção dos ataques.
"Embora a Constituição proíba o anonimato, as redes sociais anonimizaram o ódio. Quem odeia está ali por trás, mas não mostra a cara, porque além de tudo são covardes", disse aos presentes.
"Implanta tanta ferocidade, tanta crueldade, tanta perversidade, que as mulheres, não é que elas não podem, elas nem querem se apresentar [para cargos eletivos]. Arrumaram um outro jeito de nos agrilhoar", finalizou.
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