Dez anos depois, 7 a 1 ajuda a explicar o quanto nosso buraco é fundo

Na segunda (8) completam-se dez anos do 7 a 1, a derrota brasileira para a seleção alemã na Copa do Mundo de 2014, realizada em casa. Aproveitando a folga entre Copa América e Eurocopa, revi pela primeira vez o jogo que, desde então, foi transformado em símbolo do nosso fracasso enquanto nação.

Não é incomum nos referirmos ao 7 a 1 como simbólico do que vivemos enquanto sociedade de lá para cá. Eufóricos na esperança de um país que ascendia no cenário mundial, vivemos a ressaca mais dolorosa possível.

Somos uma sociedade de extremos. Se éramos "a pátria de chuteiras" num passado não tão longínquo, tornamo-nos o país da mais vergonhosa derrota. Houve até placares mais aberrantes em Copas, mas nenhum tão traumático.

O curioso é que o trauma nacional, como todo trauma, tem a ver mais conosco do que com o adversário. Ao menos admitimos isso. Referimo-nos à derrota como "7 a 1" ou como "Mineiraço", quase sempre omitindo a nossa algoz Alemanha. É compreensível: sentimos que perdemos para nós mesmos, como se tivéssemos caminhado em direção à tragédia anunciada.

Mesmo quando "gol da Alemanha" é usado como uma ironia após um revés, geralmente com referências ao futebol e aos problemas sociais do Brasil, a culpa nunca é dos germânicos. É para nos autopunir que usamos tal exclamação.

Como bom brasileiros, somos capazes de rir de tragédias, mas temos pouca capacidade de resolver nossas chagas sociais simbólicas ou concretas. Ainda não fomos capazes de lidar verdadeiramente com o 7 a 1. Nesse sentido, é espantoso que não haja no Brasil nenhum livro de análise daquela derrota.

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