Nunes diz que internações na cracolândia devem ter método honesto

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), disse nesta quinta-feira (4) que é favorável à internação de todos os usuários de drogas que frequentam as cenas de uso de drogas da cracolândia, mas que o método de convencimento dos pacientes devem ser "verdadeiro" e "honesto".

Ele comentava o aumento de internações sem consentimento dos dependentes químicos no centro da capital, e reclamações contra a abordagem feita por agentes do SCP (Serviço de Cuidados Prolongados), da prefeitura.

Em cartas de repúdio publicadas por profissionais de diferentes equipamentos de saúde mental, há relatos de internações indiscriminadas na cracolândia, além de distribuição de bebida alcoólica, comida e refrigerante para convencer usuários a aceitarem serem internados no serviço municipal.

  • 💥️Internações sem consentimento aumentam na cracolândia, em meio a denúncias de 💥️agressões

"Se eu pudesse convencer todos para ir a tratamento, seria meu sonho, para a gente poder salvar a vida daquelas pessoas lá", disse Nunes. "O objetivo é esse, mas de uma forma verdadeira com as pessoas, de convencimento. Tanto é que quem faz esse trabalho são os agentes de saúde e os agentes da assistência social. É uma coisa de convencer, mas o método tem de ser um método real, um método honesto."

As internações psiquiátricas sem consentimento eram exceções até abril do ano passado, quando o governo estadual anunciou aumento da disponibilidade de leitos psiquiátricos, em detrimento ao tratamento prioritariamente ambulatorial. Desde então, foram ao menos 418 internações involuntárias.

Ao mesmo tempo, surgiram denúncias de agressões contra pacientes em unidades de saúde que atendem a cracolândia, no centro da cidade.

Diferente das internações voluntárias, nas quais o usuário é capaz de assinar sua admissão ao chegar ao hospital, as involuntárias ocorrem quando é atestada a incapacidade do paciente de decidir sobre o processo terapêutico, devido ao alto grau de intoxicação, o que pode colocá-lo em risco.

Nesse caso, o pedido de internação é feito por escrito por um parente ou pessoa próxima e, na ausência de familiares, por um agente de saúde. Nos dois casos, é preciso um laudo assinado por um psiquiatra. Os casos devem ser informados ao Ministério Público e à Defensoria até 72 horas após a internação, que tem prazo máximo de 90 dias.

O crescimento das involuntárias ocorreu a partir da transformação do antigo Cratod (Centro de Referência de Atendimento a Tabaco, Álcool e Outras Drogas) numa espécie de pronto-socorro no tratamento de vício em drogas na capital voltado, principalmente, a atender frequentadores da cracolândia. O local no centro da cidade agora tem o nome de Hub de Cuidados em Crack e outras Drogas.

Quatro ex-funcionários do Hub e duas pessoas que trabalham no atendimento municipal à cracolândia disseram à Folha e relataram algum tipo de agressão.

Apesar do aumento de hospitalizações, o tempo de permanência dos dependentes químicos nesses estabelecimentos nunca foi tão baixo.

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